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Biodiversidades

Em 2011, o Programa Biota organizou uma série de discussões a respeito de Ensino e Divulgação de Biodiversidade. Na mesa de discussões sobre divulgação científica, os pesquisadores convidados lançaram um desafio: a busca de diferentes canais de divulgação para fazer circular um leque mais variado de sentidos para o conceito de biodiversidade.

Como um canal de divulgação do Programa, o Boletim Biota Highlights procura, mesmo que timidamente, aceitar esse desafio. Neste número trazemos algumas perspectivas de estudo da biodiversidade para os leitores, procurando variações.

A área de ensino de biologia é uma que se preocupa em como abordar a diversidade dos conceitos com alunos, professores e público não escolar. Com essas e outras preocupações as docentes do Instituto de Biociências da USP-SP, Alessandra Bizerra e Suzana Ursi, trazem reflexões sobre suas experiências na licenciatura e no fortalecimento das discussões nos espaços não escolares sobre diferentes abordagens para o conceito de biodiversidade.

Outra possibilidade de se investigar a biodiversidade é entendendo-a um novo campo para a produção de alimentos. Ampliar a possibilidade de acesso a diferentes alimentos também significa primeiramente ampliar o acesso a diferentes nutrientes. Segundo, estes alimentos, tanto vegetais, quanto animais, exigem menos insumos pois já são naturalmente adaptados ao clima e solo, portanto, podem ser potencialmente menos impactantes ao meio. Em terceiro, este tipo de cultura tende a valorizar o conhecimento local. Por essas razões, as pesquisas em biodiversidade alimentar podem ser consideradas estratégicas para a produção de alimentos. A reportagem com a Dra. Deborah Bastos apresenta um pouco de como podemos pensar o campo da biodiversidade e nutrição.

O uso da biologia de sistemas para se estudar novas aplicações para moléculas pode ser considerada uma forma inovadora de se pensar a bioprospecção. Por este viés, se leva em consideração o papel funcional (fisiológico, farmacológico, imunológico e/ou funções celulares desempenhadas). A molécula é investigada tendo em vista as outras moléculas do mesmo sistema, visando compreender a interação que ocorre entre elas e os sistemas regulatórios que operam. Essa abordagem moderna é apresentada na matéria que entrevista o pesquisador Mario Palma e seus estudos com veneno e fios de seda de artrópodes.

A diversidade de moléculas associadas à diversidade de espécies é o pano de fundo da pesquisa de Maria de Lourdes Polizeli, que tem como foco a busca de enzimas de fungos com potencial de aplicação na indústria, procurando otimizar os processos de produção. A busca é, também, por correlacionar o potencial enzimático dos fungos e os diferentes Biomas em que foram encontrados, aliando a pesquisa sobre diversidade de espécies com o  potencial enzimático desses organismos.

Por fim, apresentamos um estudo que não trata diretamente de conceitos de biodiversidade, e sim dos efeitos decorrentes do conjunto de conceitos de biodiversidade.  Mais precisamente nos referimos aos impactos do Programa Biota. Como efetivamente o Programa contribuiu para o avanço dos estudos desta área e como esse esforço se tornou política pública ou inovação tecnológica? Este tema é apresentado na reportagem que sintetiza os principais impactos decorrentes do Biota. Trata-se de um trabalho de avaliação de programa que buscou primeiramente comparar os resultados do Programa com projetos similares na Fapesp que não participaram do Biota. Em segundo, visou ponderar a multidimensionalidade natural do impacto. Ou seja, considera que um impacto pode ter mais de uma causa e que isso deve ser considerado para evitar causalidades diretas. Esta avaliação, coordenada pelo Dr. Sérgio Salles-Filho, gerou subsídios para se pensar as potencialidades e deficiências do Programa Biota.

 

(Por Érica Speglich e Paula Drummond de Castro)