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Cadeia produtiva sustentável vence o Concurso Biota Empreeendedorismo

Alternativas para o uso sustentável da biodiversidade foi o foco do Projeto da BiO’LExtracta, da UNESP Araquara.

Restauração florestal de áreas privadas associada à extração de bioprodutos vegetais e método de extração inovador. Esta foi a receita da empresa em formação BiO’LExtrata, do grupo vencedor do primeiro concurso Biota Empreendedorismo. A equipe do projeto foi formada por alunos de mestrado e doutorado da UNESP (Araraquara).

Equipe BiO’LExtracta, vencedora do Concurso Biota Empreendedorismo. Foto: Paula Castro.

A proposta do grupo parte da oportunidade que se abre a partir do compromisso do Brasil de restaurar 15 milhões de hectares. Por que não usar espécies de interesse econômico para a indústria de biotecnologia? Neste mote, o projeto propôs utilizar espécies vegetais nativas com potencial biológico e econômico como opção para o reflorestamento em áreas de Reserva Legal (RL) e em Áreas de Proteção Permanente (APP), previstas no novo Código Florestal, de modo a estimular uma cadeia produtiva sustentável de insumos vegetais.

Para agregar um diferencial competitivo ao projeto, as autoras buscaram um método simples, barato, eficaz e inovador para a extração dos insumos vegetais chamado Extração On-line (OLE, em inglês que também inspirou o nome da empresa). Este método obtém os extratos das plantas sem a necessidade do uso do solvente, o que o torna ambientalmente mais adequado e incrivelmente mais barato. A estimativa é que este custo gire em torno de 20% do valor atualmente praticado.

Com isso, a produção de tinturas, extratos brutos, frações enriquecidas e substâncias puras pela BiO’LExtracta poderá ser mais atraente ao mercado da indústrias de fármacos, fitomedicamentos, cosmética, alimentícia, além de preservar a biodiversidade e seus serviços ecossistêmicos.

A ideia é estabelecer uma cadeia de produção que envolva: viveiros que forneçam de plantas nativas de interesse para o reflorestamento de APPs e RLs, produtores rurais que conservem as áreas, extração sustentável dos insumos vegetais pela BiO’LExtracta, e então, disponibilizar no mercado para a indústria.

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a) Caroline Lima (UNESP de S. J. do Rio Preto) apresentou o projeto “Nanoformulações lipídicas de alcaloides antiparasitários” e b) Diogo Ogawa, discorreu sobre o projeto “Balbina: mitigando emissão e gerando créditos de carbono”.

A proposta vem com uma alternativa para aqueles proprietários rurais que consideram que a preservação da floresta em suas propriedades pode representar prejuízo. Neste sentido, o grupo pesquisou quais plantas seriam recomendadas para reflorestamento no estado de São Paulo e descobriram que muitas delas já têm demanda de mercado, além de ações farmacológicas comprovadas.

A empresa pretende iniciar suas operações até 2017, para isso conta com a linha de financiamento da Fapesp para pequenas empresas de base tecnológica, o PIPE (Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas da Fapesp).

O projeto da equipe vencedora, foi formado pela Dra. Lilian Cherubin Correia, Dr. Alene Cortes de Queiroz e Silva e Ms. Naira Buzzo Anhesine, formadas pelo Programa de pós-graduação em Química Orgânica da Unesp. Contribuíram também Gabriel Mazzi Leme e Paula Carolina Pires Bueno, ambos pós-doutorandos na mesma instituição. O supervisor do projeto foi o Dr. Alberto José Cavalheiro, do NUBBE (Núcleo de Bioensaios, Biossíntese e Ecofisiologia de Produtos Naturais, Instituto de Química/UNESP – Araraquara) e o mentor, Dr. Hilton Oliveira dos Santos Filho, do Ethos Serviços Médicos Ltda.

Controle biológico de carrapatos

O ganhador do segundo lugar no concurso Biota Empreededorismo, foi o projeto Manejo integrado de carrapatos: atração feromonal e controle biológico”, desenvolvido pela empresa Decoy, da USP.

A proposta da Decoy é colocar no mercado brasileiro uma tecnologia de controle de carrapatos que dispensa o uso de venenos – um problema que vem se intensificando especialmente na pecuária –  e apresenta uma eficiência superior ao que existe no mercado.

A técnica se baseia na combinação de duas táticas: feromônios e controle biológico. Primeiramente o carrapato é atraído para a região traseira do gado, por meio do uso de análogos a feromônios do carrapato. Em seguida, estes ectoparasitas são contaminados com microrganismos que são seus inimigos naturais que não acarretam em prejuízos para o gado ou humanos.

O público-alvo destes produtos são destarte, os pequenos e grandes pecuaristas brasileiros, mas, os empreendedores acreditam no grande potencial global da tecnologia.

A equipe é formada pelos biólogos Lucas Garcia von Zuben e doutorando na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (USP – Ribeirão Preto) e Tulio Marcos Nunes, doutorando da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (USP – Ribeirão Preto), além do economista e mestre em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) Filipe José Dal’Bó de Andrade.

Criada em 2014, a Decoy está incubada na SUPERA (parque tecnológico de Ribeirão Preto) e já conseguiu financiamento para o desenvolvimento da tecnologia pelo programa da Fapesp de apoio às pequenas empresas de base tecnológica, o PIPE.

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a) Rafael Nahat (USP) apresentou o “BIOT GAS: gases de biorreatores” e b) Lucas Von Zuben (USP) conquistou o segundo lugar defendendo o projeto “Manejo integrado de carrapatos: atração feromonal e controle biológico”.

Antecedentes

Em abril (2016) o Programa Biota/Fapesp lançou seu primeiro concurso BIOTA Empreendedorismo. A ideia foi de fomentar a criação e o desenvolvimento de modelos de negócios em biodiversidade baseados em pesquisa dentro da grande área temática que abrange a caracterização biológica e química, conservação, restauração e uso sustentável da biodiversidade brasileira.
O processo incluiu um processo de treinamento dos participantes e aperfeiçoamento dos projetos. Após a primeira fase, de inscrições, foi oferecido um curso pela INOVA/Unicamp (o Workshop Business Model Generation/BMC) e os modelos de negócios selecionados na segunda fase participaram de treinamentos oferecidos pela coordenação do Biota e pelas agências de inovação das universidades públicas paulistas.
A última etapa do concurso foi a apresentação pública dos projetos finalistas, que ocorreu dia 14 de setembro de 2016, no Auditório da Fapesp, quando os projetos foram julgados por uma banca formada por empresários ligados à área de negócios baseados em pesquisas, pesquisadores, coordenadores de agências e núcleos de inovação e possíveis investidores.

A banca de avaliadores foi constituída por Aluir Dias Purcero, sócio fundador da TECHMALL e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Luciane M. Ortega, vice-coordenadora da Agência USP de Inovação (AUSPIN), Milton Mori, diretor executivo da Agência de Inovação da Unicamp (INOVA), Rita Costoya, gerente de transferência de tecnologia do Núcleo de Inovação Tecnológica da Unesp (NIT) e a professora Vanderlan Bolzani, da Unesp e membro da coordenação do BIOTA/Fapesp.

Conheça mais sobre os projetos finalistas:

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[acc_item title=”Nanoformulações lipídicas de alcaloides antiparasitários”]

Caroline Sprengel Lima
Ana Carolina Nazaré
Daiane Bertholin Anselmo
Mariana Bastos dos Santos

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP São José do Rio Preto

Os agentes antiparasitários são fármacos cruciais à manutenção da saúde dos rebanhos de bovinos e ovinos. As elevadas taxas de resistência dos parasitos e a perda econômica causada pelas infestações justificam a necessidade por compostos inovadores. A presente invenção propõe nanoformulações lipídicas de guanidinas sintéticas, estruturalmente baseadas em alcaloides de Pterogyne nitens, uma planta brasileira. A originalidade da proposta é corroborada pela importância sócio-econômica-cultural da bovinocultura e ovinocultura somada à escassez de estudos direcionados ao desenvolvimento de fármacos veterinários. Assim, busca-se o desenvolvimento de um antiparasitário inovador útil aos bovinocultores e ovinocultores.

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[acc_item title=”Balbina: Mitigando Emissão e Gerando Créditos de Carbono”]

Diogo Mitsuo Oliveira Ogawa
Natácia Ery Horikawa
Priscila da Costa Carvalho de Jesus

Universidade de São Paulo – USP

A maior motivação para o desenvolvimento do Projeto Balbina de Mitigação de Carbono é minimizar a liberação de CO2 e CH4 pela represa da usina de Balbina. A usina de Balbina é considerada o maior desastre ambiental do país, dentre os impactos ambientais, destaca-se a geração de gases de efeito estufa citados em maior volume por KW/h gerado que uma termelétrica. O projeto visa fixar carbono em forma de biomassa microbiana, sendo negociada como ração animal e biofertilizante. Paralelamente, a exploração dos créditos de carbono se dará pela parceria com a Eletronorte, responsável pela hidrelétrica.

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[acc_item title=”Fitoquímicos de plantas para áreas degradadas”]

Lilian Cherubin Correa
Alene Cortes de Queiroz e Silva
Ubirajara Coleto Júnior
Naira Buzzo Anhesine

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP Araraquara

Exigências recentemente impostas ao setor rural relacionadas ao reflorestamento de áreas degradadas e manutenção da vegetação nativa chocam-se com os interesses, principalmente dos pequenos produtores e constituem um desafio. A política nacional de saúde reconhece a importância da medicina tradicional popular. Nesse contexto, espécies vegetais nativas com algum potencial biológico e econômico constituem uma interessante opção a ser empregada para o reflorestamento. A necessidade de métodos simples e baratos justifica o emprego da tecnologia denominada OLE – Online Extraction, na qual extratos e frações são obtidos diretamente do material vegetal, sendo uma alternativa ambientalmente mais amigável por dispensar etapas de preparo de amostra, além de garantir a estabilidade dos compostos extraídos.

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[acc_item title=”Manejo integrado de carrapatos: atração feromonal e controle biológico”]

Lucas Garcia Von Zuben

Universidade de São Paulo – USP

O carrapato-do-boi é uma das principais pragas que acometem a pecuária brasileira sendo responsável por danos anuais na ordem de bilhões de reais. O atual método de controle (carrapaticidas) é ineficiente e traz consigo o aumento da resistência das pragas e prejuízos à saúde animal, humana e ambiental. O presente projeto visa desenvolver uma solução eficaz e sustentável a esse problema, através da produção de uma armadilha que combina atração dos indivíduos através de feromônios e posterior controle biológico através de fungos. O modelo de negócios prevê uma primeira etapa de prestação de serviços, que servirá para o aprimoramento da tecnologia. A segunda etapa prevê o licenciamento da tecnologia para um conglomerado industrial que já atue no controle de pragas da pecuária.

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[acc_item title=”BIOT GAS: gases de biorreatores”]

Rafael Augusto Theodoro Pereira de Souza Nahat

Universidade de São Paulo – USP

O P&D biotecnológico demanda medição dos gases carbônico e oxigênio, mas hoje o Brasil só conhece soluções importadas, caras e sem suporte. O BIoT Gas veio para mudar isso: nacional e fácil de instalar, usar e manter, melhora o P&D dos clientes com tecnologias pioneiras no país – LuminOx e Internet of Things. Mais qualidade e menos custo para a pesquisa nacional.

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Por Paula Drummond e Érica Speglich