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O que a copaíba tem?

Estrutura genética de Copaifera langsdorffii em diferentes formações vegetacionais é assunto de genômica da conservação.

Fruto e semente de Copaifera langsdorfii. Foto: Frutos Atrativos do Cerrado. (C) Creative Commons.
Fruto e semente de Copaifera langsdorfii. Foto: Frutos Atrativos do Cerrado. (C) Creative Commons.

Buscar a compreensão de como as espécies se adaptam e, qual é o nível de diversidade genética que garante a conservação de uma espécie? Quais são os genes que podem estar atuando em diferentes condições ambientais? Como devemos aperfeiçoar as estratégias de manejo baseadas em informação genética? Estas são algumas entre muitas questões que a genômica da conservação pode ajudar a compreender.

Para isso, a genômica da conservação lança mão de técnicas ligadas à genômica funcional – que se ocupa em descrever as funções dos genes e proteínas. O caminho é mapear uma grande quantidade de informações presentes no genoma visando identificar as respostas adaptativas específicas das populações sujeitas a diferentes condições ambientais. Com a ajuda de marcadores específicos (como SNPs – Single Nucleotide Polimorphysms), juntamente com a análise de sítios específicos (RADs – Restriction Sites Associated DNA) mapeia-se o genoma para verificar quais genes podem ser associados ao processo de adaptação. Assim, a adaptação local, a migração de genes entre populações, perda da variação adaptativa são alguns dos fatores que podem acelerar ou frear o tamanho da população devido aos processos de adaptação.

Copaifera langsdorfii. (c) Marcos Siqueira
Copaifera langsdorfii. (c) Marcos Siqueira

O entendimento sobre estes mecanismos de adaptação das espécies é a principal motivação do projeto “Genômica da conservação em copaíba (Copaifera langsdorffii Desf.) em diferentes formações vegetacionais da região Centro-oeste do estado de São Paulo”, coordenado pelo Dr. Marcos Vinícius Bohrer Monteiro Siqueira, líder do GEVA (Grupo de Ecologia Vegetal Aplicada), da Universidade do Sagrado Coração (USC), em Bauru (SP), que decidiu se aprofundar tomando como objeto de estudo a copaíba, árvore símbolo da região. “A Copaifera langsdorffii é uma árvore nativa, de conhecida importância fitoterápica, usada em projetos de restauração e de um inesgotável valor ecológico. Além de tudo trata-se de um excelente modelo, pois a espécie que ocorre em diferentes formações vegetacionais do Estado de São Paulo (Cerrado, Mata Atlântica, ecótonos, áreas antropizadas)”, conforme Siqueira explica.

A partir de amostras de material de diferentes formações vegetacionais serão realizadas estudos morfo-anatômicos e genéticos. O material coletado para o projeto será analisado juntamente com a coleção dos herbários já existente. O material será posteriormente enviado para a Universidade de Cornell para o sequenciamento genético. Com isso espera-se localizar as regiões alvo do genoma da copaíba, ou seja, os locos com variação genética adaptativa que hipoteticamente respondam à seleção diferenciada nas diferentes formações vegetacionais (marcadores SNPs através do Sequenciamento de Nova Geração).

Com os resultados, espera-se gerar subsídios para discutir as decisões e as estratégias de manejo dos fragmentos florestais da região áreas visando a criação de áreas prioritárias para a conservação.

Além disto, o projeto desenvolverá um eixo de popularização da ciência junto ao ensino médio e fundamental. A ideia é percorrer escolas públicas e privadas e por fim, preparar workshops apresentando a conservação pela perspectiva da genômica.

Equipe do GEVA preparando exicatas de Copaifera langsdorfii. (c) Marcos Siqueira
Copaidera Langsdorfii. (c) Marcos Siqueira

O projeto, com finalização prevista para 2017, conta com a colaboração da Profa. Dra. Carla Gheler Costa (USC – Bauru), Prof. Dr. Spencer Luiz Marques Payão (USC – Bauru), Profa. Dra. Elizabeth Ann Veasey (ESALQ/USP), Dr. Miklos Bajay (ESALQ/USP), Profa. Dra. Maria Imaculada Zucchi (APTA – Polo Centro Sul), Profa. Dra. Karina Martins (Ufscar – Sorocaba), além de dois bolsistas (Juliana Sanchez e Giovana Silverio, bolsistas TT-1), um aluno do programa de Mestrado de Ciência e Tecnologia Ambiental (Christopher Cardoso) e Wilson Corsi (técnico de laboratório).