A renovação abre a possibilidade de parcerias, novas frentes de investigação e fortalecimento da revista Biota Neotropica.
Em decorrência dos amplos objetivos do Programa Biota, a Fapesp experimentou criar nesta linha de fomento uma coordenação própria do Programa para articular seus projetos e objetivos. Assim, desde sua origem, o Programa Biota conta com grupo de cinco ou seis pesquisadores de diferentes universidades e instituições de pesquisa paulistas. A experiência foi tão positiva que este design foi replicado em outros programas da Fundação como Pesquisa em Bioenergia (BIOEN) e Mudanças Climáticas (PFPMCG).
A coordenação do programa tem como atribuição avaliar o enquadramento das solicitações de participação no Programa e, sobretudo, fomentar a integração e divulgação dos projetos vinculados ao Biota. Dessa forma, a coordenação fica encarregada de organizar reuniões temáticas do programa, eventos de avaliação do Programa, induzir a pesquisa científica por meio de editais, gerir parcerias com agências de fomento internacionais, preparar o planejamento estratégico do Programa e promover interação do programa com parceiros nacionais e internacionais, setores governamentais, empresas e ONGs.
Já passaram pela coordenação do Programa, 13 membros, de 11 unidades de pesquisa do estado.
Recentemente, a coordenação Biota passou por mais uma renovação, na qual os pesquisadores Vanderlan Bolzani (IQ/UNESP), André Victor Lucci Freitas (IB/Unicamp) e Mariana Cabral de Oliveira (IB/USP) deixam a coordenação para assumirem outros cargos.
Vanderlan Bolzani, uma das idealizadoras do subprograma BIOprospecTA voltado para o estudo das substâncias bioativas da biodiversidade brasileira, assumiu uma das cadeiras do Conselho Superior da FAPESP e deixa a coordenação do Biota após 18 anos. Freitas, que ficou por 5 anos como membro da coordenação, assumirá, em breve, a Direção do Instituto de Biologia da Unicamp. Mariana Oliveira, após nove anos na coordenação do Biota, integrará a coordenação de Ciência Biológicas na Fapesp.
Para Freitas, a passagem pela coordenação do Programa trouxe vários aprendizados. “Saber como acontece a política científica e como as decisões são tomadas fora da bolha universitária”, explica o pesquisador da Unicamp. Outro aspecto que lhe marcou foi a chance de influenciar tanto a política científica quanto a legislação de conservação da biodiversidade, conforme explica “a possibilidade de fomentar uma área de pesquisa também coloca a responsabilidade de inserir na agenda de pesquisa de biodiversidade áreas que talvez não tivessem o devido reconhecimento, como por exemplo a taxonomia e inventários, áreas fundamentais para o estudo da biodiversidade”. E complementa, “o nosso conhecimento pode influenciar tomada de decisão e a legislação. Temos vários mecanismos legais baseados nos resultados do Biota”.
Mariana Oliveira relata a experiência no comitê de coordenação do Programa Biota/Fapesp como um marco na sua carreira acadêmica. “Nesses últimos anos tenho tido um intenso aprendizado sobre política científica e ampliei minhas visões sobre a Academia”, pontua Oliveira. Durante o período de coordenação, a pesquisadora da USP destaca a elaboração do planejamento do programa (Biota/Fapesp Science Plan & Strategies for the Next Decade, de 2009) e o artigo Biodiversity Conservation Research, Training, and Policy in São Paulo publicado no Policy Forum da revista Science em 2010.
Oliveira chama a atenção para um fato que está cada vez mais raro no cenário da ciência brasileira “o excelente apoio da equipe da FAPESP e o apoio financeiro que a Fundação dispõe para manter um Programa em Biodiversidade funcionando por quase duas décadas de forma ininterrupta”.
Parcerias à vista
Para ocupar uma das cadeiras da coordenação Biota, ao lado de Carlos Joly (IB/Unicamp), Luciano Verdade (Esalq/USP) e Roberto Berlinck (IQSC/USP), membros que permanecem na gestão do programa, estará Jean Paul Metzger (IB/USP), professor titular do Departamento de Ecologia da Universidade de São Paulo.
Metzger já participou do programa como pesquisador e como editor da revista do Programa, a Biota Neotropica. Formado em Ciências Biológicas pela Universidade de São Paulo (1988) e mestre e doutor pela Universidade Paul Sabatier de Toulouse (França), o novo membro é especialista na área de ecologia de paisagens e conservação. Ao longo dos últimos anos, Jean Paul tem cada vez mais se envolvido nas discussões sobre o embasamento científico de políticas públicas de conservação.
Atualmente Metzger também lidera uma iniciativa entre CNPq e as Fundações de Amparo à Pesquisa chamada Centro de Síntese em Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos e vê no futuro uma grande possibilidade de cooperação e colaboração entre as duas iniciativas. “O Brasil está num momento muito propício para o desenvolvimento de sínteses. Temos uma comunidade muito bem estabelecida, com pesquisadores excelentes e muitos dados. É preciso dar mais-valia para estes dados. Entendo o Centro de Síntese como uma forma de retrabalhar dados que já foram coletados, estimular o trabalho de uma forma cooperativa”, diz o novo membro da coordenação entusiasmado também com a possibilidade de reforçar a conexão entre pesquisadores e tomadores de decisão, traço do Programa Biota.
Outro ponto que Metzger vislumbra como gestor do Programa é fomentar novas áreas de investigação de interesse aos objetivos do programa, como a ecologia urbana, ecologia das doenças, e de forma geral a relação entre biodiversidade, serviços ecossistêmicos e o bem estar humano. Projetar a revista Biota Neotropica para outro patamar de impacto e visibilidade também está entre seus planos.
A coordenação do Programa Biota espera até o final do ano ter preenchido as outras duas vagas remanescentes da coordenação.