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Árvores, Arvoredos e Florestas

 

Livro aborda conceitos, princípios e fundamentos da quantificação florestal

A partir de que princípios e fundamentos podem ser desenvolvidos procedimentos para a quantificação de recursos florestais? Essa é a questão que moveu João Luis Ferreira Batista, Hilton Thadeu Zarate do Couto e Demóstenes Ferreira da Silva Filho, todos do Departamento de Ciências Florestais (LCF) da ESALQ, a escrever o livro “Quantificação de Recursos Florestais: Árvores, Arvoredos e Florestas”.

A publicação é voltada para o ensino de graduação e para prática profissional em Mensuração e Inventário Florestal. “Usualmente os livros que tratam do assunto entram diretamente nos procedimentos e regras e são divididos em duas partes: a medição de árvores e o inventário florestal mas nós procuramos caminhos diferentes para a exposição e construção dos conceitos”, explica João Batista.

João Luis Ferreira Batista, Hilton Thadeu Zarate do Couto e Demóstenes Ferreira da Silva Filho - Editora Oficina de Textos
João Luis Ferreira Batista, Hilton Thadeu Zarate do Couto e Demóstenes Ferreira da Silva Filho – Editora Oficina de Textos

O livro está organizado em três partes: árvores, arvoredos e florestas. As três partes se justificam, segundo o autor, porque a essência da quantificação dos recursos florestais consiste em: (1) medir árvores individuais que estão (2) agrupadas em unidades amostrais (parcelas), a partir das quais são obtidas (3) estimativas sobre a florestas. Cada uma das três partes do livro, se inicia com um capítulo inteiramente dedicado à conceituação e discussão do que são árvores, arvoredos e florestas.
Na primeira parte (Árvores) os autores tratam da medição, monitoramento e modelagem das árvores individualmente.
Na segunda parte (Arvoredos) apresentam como as arvores são agregadas em unidades que serão utilizadas posteriormente. “Para não utilizarmos um termo estatístico, utilizamos o termo “arvoredo”, pois a agregação das árvores não é um mero procedimento estatístico, mas a transformação de medidas de árvores em medidas de “floresta”, isto é, atributos por unidade de área. Logo, a segunda parte trata da medição, monitoramento e modelagem dos arvoredos”, explica João Batista.
Na terceira parte (Florestas) os autores explicam como estimar atributos da floresta a partir dos arvoredos, abordando os procedimentos amostrais básicos necessários aos inventários florestais.

Essa forma de expor e tratar o tema possibilita a abordagem da modelagem estatística, normalmente ausente dos livros de mensuração e inventário. “A vantagem dessa forma de exposição é que a relação entre medir e estimar com modelar surge naturalmente. Assim como a visão de que não é possível fazer quantificação de recursos florestais sem modelagem estatística” argumenta João Batista.

A exposição dos conceitos neste formato exigiu a criação de uma terminologia própria para se obter a clareza necessária na apresentação dos princípios e fundamentos. E os autores decidiram enfrentar o risco inerente à criação de novas terminologias e definiram as três partes do livro como três atividades: Arborimetria (medição de árvores), Arbustimetria (medição de arvoredos) e Silvimetria (“medição” de florestas – neste caso num sentido mais amplo, pois se trata de estimação).

Embora o foco do livro sejam as árvores e os recursos florestais vegetais, João Batista acredita que pesquisadores de diferentes áreas podem se interessar pela leitura e que esta pode enriquecer as discussões em diferentes áreas. Especificamente com relação às pesquisas em biodiversidade, o autor ressalta que, mesmo que implicitamente, a apresentação na forma da tríade árvore-arvoredo-floresta levanta o aspecto da escala espacial talvez muito discutido, mas ainda pouco elaborado na área.

“No caso da quantificação de recursos florestais, o livro mostra clara e didaticamente que essa questão foi resolvida eficientemente para a quantificação. A escala da medição é a árvore individual, mas a escala da estimação é a floresta como um todo. Para irmos de uma a outra, precisamos da escala do arvoredo, onde ainda se faz medição, mas uma medição que representada por unidade de área”, detalha João Batista, “é importante entender que o arvoredo é em grande parte, mas não totalmente, uma escala arbitrária que se impõem para uma efetiva operacionalização da quantificação. No estudo a diversidade biológica se fala em diversidade alfa, beta e gama, também representando escalas. Mas operacionalmente são conceitos muito vagos que cada um interpreta à sua maneira, o que acaba gerando confusão”.

Essa discussão intimamente relacionada à pesquisa em biodiversidade não está no livro explicitamente, mas João Batista ressalta o capítulo sobre Medidas Arborimétricas e as discussões a respeito da “diversidade de espécies” como uma das medidas dos arvoredos: “a diversidade neste caso é tratada como um atributo do arvoredo. Portanto, uma floresta possuirá uma “variabilidade em termos de diversidade de espécies””. Os autores mostram essa “variabilidade” num gráfico que contém o número de espécies em cada arvoredo (parcela) pelo número de árvores nesse arvoredo (densidade de estande), deixando claro que não só o número de espécies, mas também a relação (número de espécie x número de árvores) é diferente na floresta ombrófila, na estacional e no cerradão. “Está aí uma abordagem que eu gostaria de ver os pesquisadores da biodiversidade discutindo”, conclui João Batista.

 

 

O livro ainda conta quatro apêndices que completam a exposição: o primeiro trata de detalhes técnicos da representação da forma de troncos de árvores e como obter o seu volume. O segundo discute os conceitos de medição, estimação e predição, detalhamento essencial para entender a confusão que se faz quando não se distingue a modelagem estatística aplicada a árvores e arvoredos com a estatística aplicada a floresta. O tereiro apresenta um exposição resumida dos conceitos básicos de regressão linear, que são tão necessários à modelagem de árvores e arvoredos. E o quarto apresenta duas tabelas estatísticas: números aleatórios e estatística t de Student.

Detalhes sobre o livro:
Título: Quantificação de Recursos Florestais: Árvores, Arvoredos e Florestas
Autores: João Luis Ferreira Batista, Hilton Thadeu Zarate do Couto e Demóstenes Ferreira da Silva Filho.
Brochura, 384 páginas
Editora Oficina de Textos