Scroll Top

Dimensões da biodiversidade na Floresta Atlântica

Como a Mata Atlântica virou a floresta que conhecemos hoje? Como respondeu aos diversos ciclos glaciais pelos quais passou? Essas repostas podem auxiliar a prever o que acontecerá com a Mata Atlântica com as atuais mudanças climáticas? Procurando responder a essas e outras questões, os pesquisadores do projeto “Dimensions US-BIOTA-São Paulo: A multidisciplinary framework for biodiversity prediction in the Brazilian Atlantic forest hotspotmontaram uma equipe multidisciplinar nas áreas da biologia, geologia e sensoriamento remoto e mergulharam em três dimensões da biodiversidade: a taxonômica, a genética e a ecológica. É esse desafio que os pesquisadores apresentam no vídeo Dimensões da Biodiversidade na Floresta Atlântica.

A dimensão taxonômica procura quantas espécies existem no Bioma e como estão distribuídas. “Procuramos compreender as relações filogenéticas (isto é, as relações evolutivas) entre espécies e a datação das idades dos diferentes organismos para tentar entender como aconteceu a diversificação na Mata Atlântica”, explica Cristina Yumi Miyaki, pesquisadora do Instituto de Biociências da USP e uma das coordenadoras do projeto (juntamente com Ana Carnaval, do City College of New York). Para isso, a equipe do projeto estudou anfíbios, répteis, aves, opiliões, borboletas e vários grupos de plantas.

A dimensão genética, como estão distribuídos os genes dentro de cada espécie e no espaço geográfico. “A dimensão genética nos possibilita avaliar a resposta que as plantas já tiveram às mudanças climáticas dos perídos glaciais e interglaciais e tentar prever as repostas que darão com as mudanças climáticas atuais”, explica Cristina Miyaki, “sempre levando em consideração que a mudança climática atual é muito rápida e nos outros momentos o período de transição foi de muitos séculos”.

E a dimensão ecológica que analisa como os aspectos ecológicos das espécies se relacionam com a distribuição geográfica. Os pesquisadores esperavam que cada região geográfica tivesse faunas com mesma idade de surgimento na história da evolução do Bioma e verificaram que isso se aplica, mas não completamente. O que descobriram é que as características de histórias de vida das espécies também são um fator bastante importante na particularidade das respostas evolutivas, além dos grandes eventos climáticos.

Outro ponto analisado pelo grupo de pesquisadores foi que há um padrão geral de diferenciação de espécies entre norte e sul, uma diferenciação latitudinal, no entanto, existem vários resultados fora desse padrão. “E é isso que dá a beleza da grande diversidade da Mata Atlântica atual, o resultado de uma história muito diversa!”, ressalta Cristina Miyaki.

Para a pesquisadora, a parte mais desafiadora do projeto foi a integração entre as grandes áreas, já que utilizam linguagens diferentes e possuem suas particularidades e limitações. O grupo reuniu cerca de 55 pesquisadores e colaboradores de diferentes instituições no Brasil e no exterior ente 2013 e 2020 que publicaram mais de 300 artigos, 11 capítulos de livro e mais de 40 teses e dissertações. Esse desafio enorme exigiu um cuidado também enorme na interpretação dos resultados e no diálogo entre equipes e áreas e, também, um prazo mais longo para a interação acontecer de fato. “É a parte mais desafiadora mas é a que dá mais satisfação. Eu aprendi muito com os pesquisadores das outras áreas e eu entender coisas que não eram claras para mim, especialmente na geologia e a história geológica do planeta, que coloca num contexto o que estamos vendo para os organismos vivos”.

Assista ao vídeo aqui: