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“Perspectiva interdisciplinar sempre me motivou” diz Gabriela Di Giulio, nova integrante da coordenação

Jornalista de formação e professora associada do Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, Gabriela Di Giulio é a mais nova integrante da coordenação do Programa Biota/Fapesp. A pesquisadora substitui Vanderlan Bolzani (Instituto de Química/UNESP), que participou da coordenação por 17 anos, de 2005 a 2022.

Gabriela Di Giulio é livre docente na área de Saúde, Ambiente e Sociedade (USP) e bolsista de produtividade do CNPq – PQ2. Tem doutorado em Ambiente e Sociedade pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), mestrado em Política Científica e Tecnológica pelo Instituto de Geociências da Unicamp e especialização em Jornalismo Científico pela Unicamp. Também é pesquisadora visitante na University of York, no Reino Unido, integra o Grupo de Pesquisa Meio Ambiente e Sociedade do Instituto de Estudos Avançados da USP; é vice-líder do grupo de pesquisa CIRIS – Governança, Risco e Comunicação e pesquisadora permanente do INCLINE/USP, onde coordena a linha de pesquisa Cidades, Vulnerabilidades e Mudanças Climáticas. Dentro do Programa Biota, participa do projeto Biota-Síntese.

Gabriela Di Giulio – Faculdade de Saúde Pública/USP

“Eu já comecei minha carreira de jornalista muito voltada à divulgação científica pois fiz a especialização nesta área logo após me formar. E foi nessa experiência em divulgação, dentro de um grande projeto interdisciplinar de pesquisa, coordenado pelo Prof. Bernardino Figueiredo, que fui instigada a pensar a comunicação em situações de risco, e as interações entre pesquisadores, atores institucionais e populações”, conta a pesquisadora, “acabei achando que ali tinha um escopo de pesquisa interessante: sobre a comunicação de riscos e incertezas”. O papel da mídia e da comunicação de risco na forma como as pessoas vão construindo suas percepções sobre temas como poluição e a contaminação de áreas por substâncias tóxicas e perigosas foi a temática de pesquisa de Gabriela Di Giulio no mestrado e no doutorado. Já no pós doutorado, a pesquisadora procurou utilizar o arcabouço teórico estudado até então para a refletir sobre a comunicação e percepção de questões relacionadas às mudanças climáticas.

“A minha trajetória de pesquisa sempre foi de trabalho em grupo, em redes, em pesquisas que congregam diferentes áreas, sempre em busca de colaborações”, explica a pesquisadora, “a perspectiva interdisciplinar sempre me motivou mais, acredito que essa forma de trabalho auxilia na compreensão de fenômenos complexos com os quais trabalhamos pois nos coloca numa relação dialógica, de saber ouvir, de ter empatia, muita curiosidade e de ter humildade também, em uma perspectiva de escuta e reflexão coletiva”.

Embora acompanhe o Programa Biota/Fapesp desde o período de estudos do mestrado, a aproximação se deu mais fortemente a partir da participação no projeto Biota-Síntese e as discussões sobre as possibilidades que as soluções baseadas na natureza apresentam nas suas relações com adaptação às mudanças climáticas, saúde, qualidade de vida e bem estar. Especialmente, o projeto tem possibilitado uma reflexão crítica sobre as interações entre ciência e política, tendo como enfoque a pesquisa participativa e um trabalho mais próximo com atores locais.

“Como podemos mobilizar os conhecimentos com diversos atores? Como podemos criar uma forma de fazer pesquisa que não só atenda os interesses acadêmicos mas que também tenha uma maior aplicabilidade e usabilidade?”, questiona Gabriela Di Giulio. “É a experiência mais participativa de pesquisa que já vivi. Que tem como centro a questão da coprodução de conhecimento, não apenas numa perspectiva de trabalhar a partir de demandas importantes das Secretarias Estaduais mas, também, de analisar os conhecimentos já existentes e como eles podem ser movimentados para responder às questões colocadas no projeto”.

Sobre a participação na coordenação do Programa, a pesquisadora ressalta a sua formação e atuação no campo das ciências sociais e humanas como um diferencial para pensar as relações entre ser humano e natureza de uma outra perspectiva: “acredito que podemos fortalecer uma visão sistêmica, mais integrada, de olhar as questões da biodiversidade não só a partir da perspectiva de crise e de investigações que alavancam o conhecimento científico e das relações com políticas públicas. Mas, também, como podemos pensar as interações entre as crises que vivemos e a relação que construímos com natureza e como dar maior visibilidade a outras as vozes, conhecimentos, experiências e resistências que podem nos auxiliar a repensar essas relações”.