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Próxima edição Biota Neotropica: Anuros da Caatinga

 Pseudopaludicola pocoto (Anura: Leptodactylidae) - Município de Jaguaribe, estado do CE. (Foto: Diego J. Santana)
Pseudopaludicola pocoto (Anura: Leptodactylidae) – Município de Jaguaribe, Ceará. (Foto: Diego J. Santana)

Presente em todos os continentes, com exceção da Antártida, os anuros apresentam enorme diversidade e são um dos grandes grupos (que inclui os sapos, as rãs e as pererecas) dentro da classe Amphibia. A capa da próxima edição do periódico Biota Neotropica, que será publicado em 1º de julho, é dedicada ao inventário desse grupo realizado no Estado do Ceará, no domínio da Caatinga.

Os anuros são anfíbios que não possuem cauda e que têm a estrutura do esqueleto adaptada para locomoção em saltos. A grande maioria é carnívoro e se alimenta de invertebrados, de outros anuros e de pequenos mamíferos. Com mais de 7 000 espécies descritas, os anuros estão entre os grupos de vertebrados mais diversos, mas atualmente a população de muitas espécies está declinando significativamente.

Apesar da variedade de estratégias reprodutivas (como ninhos de espuma, ninhos em folhas e em bromélias), os machos têm como característica comum a vocalização para atrair a fêmea durante o período de reprodução. Cada espécie produz um som diferente que, algumas vezes, pode inspirar o nome do animal que o produz. É o caso do Pseudopaludicola pocoto (Anura: Leptodactylidae), uma espécie descrita em 2014 cujo epiteto específico (pocoto) foi dado porque seu coaxar remete ao trote de um cavalo. A espécie recém-descoberta tem ampla distribuição na região da Caatinga, ocorrendo tanto em áreas protegidas quanto nas perturbadas e, junto com outras, compõe o inventário “Anurans from the Middle Jaguaribe River Region, Ceará State, Northeastern Brazil”, de Santana e colaboradores, que será publicado na próxima edição da Biota Neotropica.

A Caatinga, ou domínio morfoclimático da Caatinga, possui solos rasos e pedregosos com predominância de fragmentos rochosos recobrindo a superfície. As fendas dessas rochas, resultantes dos processos de intemperismo, bem como as bacias e tanques que aparecem por toda a região, se comportam como locais de armazenamento temporário de água, importante característica para o ambiente semiárido. Com isso, esse domínio morfoclimático genuinamente brasileiro tem alta diversidade, considerando-se uma região semiárida, e alta ocorrência de espécies endêmicas. Apesar da elevada importância, a Caatinga é altamente ameaçada pela perda de habitat e pelo processo de desertificação. Apenas 1% de sua área encontra-se sob proteção integral em Unidades de Conservação.

Essas características, além da escassez de informações sobre a distribuição, taxonomia e história natural dos anfíbios da região, levaram os autores do manuscrito a realizarem o inventário no Estado do Ceará que poderá ser conferido a partir de manhã pelo site da revista.

Para saber mais:

MAGALHÃES et al. 2014. A New Species of Pseudopaludicola (Anura: Leptodactylidae: Leiuperinae) from Northeastern Brazil. Herpetologica. v. 70, n.1, p. 77-88