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Quais os impactos da pandemia de coronavírus na conservação da biodiversidade?

Physalia physalis

As alteração cotidianas das quarentenas impostas pela pandemia de coronavírus são sentidas nos mais diferentes aspectos da sociedade. O mesmo acontece na área de conservação da biodiversidade. Preocupados com os diferentes aspectos desses impactos, editores da revista Biological Conservation acabam de publicar um artigo no qual levantam e discutem algumas questões. O artigo está disponível (em inglês) no site da revista.

Do ponto de vista do funcionamento da comunidade acadêmica, os editores levantam aspectos relacionados à adaptação da educação para formatos à distância de uma ciência aplicada, impactando na formação de novos quadros. Também sobre a manutenção das pesquisas, laboratórios e experimentos e, especialmente, na impossibilidade de grandes reuniões presenciais que culminaram com o adiamento das reuniões da Convenção da Biodiversidade e as discussões sobre as novas metas globais de conservação.

Sobre os impactos da pandemia na proteção da biodiversidade, de imediato há a redução da movimentação humana já traz relatos de diminuição de stress em populações animais, que são registradas trafegando em áreas nas quais não eram vistas há muitos anos. A melhoria na qualidade do ar em diferentes regiões do planeta e a diminuição do trânsito de aviões e barcos já são aspectos marcantes que dão visibilidade ao impacto humano nos ecossistemas.

Ainda que discussões antigas relacionadas à conservação da natureza estejam em evidência – como os efeitos da fragmentação de habitats e os mercados de animais vivos na emergência de novas doenças – os autores destacam que os impactos humanos adversos na natureza voltarão a acontecer “mas o financiamento e outros apoios à conservação terão que competir com uma ampla gama de novas prioridades sobre os recursos financeiros que devem diminuir globalmente, pelo menos no futuro próximo”. Fortalecer a comunidade de pesquisadores da área, em especial os jovens pesquisadores, intensificar a educação pública e tornar a ciência disponível sempre que necessária são algumas das sugestões indicadas no artigo.

Os autores apresentam, ainda, algumas questões para inspirar ideias e tópicos de investigação, entre elas: quais serão os efeitos da redução dos impactos humanos sobre a vida selvagem e os ecossistemas durante a pandemia? Algum desses efeitos persistirá nos anos subsequentes? Como a pandemia afetou as pessoas cujos meios de subsistência dependem da conservação e do ecoturismo, especialmente as pessoas locais que vivem perto e dentro de áreas protegidas? Qual o papel das inovações em tecnologia on-line no aprendizado de conservação e da ciência pós-COVID-19? As lições aprendidas sobre comunicação on-line durante a pandemia podem ser usadas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa relacionadas a viagens no futuro?