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“Uso e conservação da biodiversidade têm que caminhar juntos”, diz Letícia Lotufo, nova integrante da coordenação do Biota

A nova integrante da coordenação do Programa Biota destaca a importância de abordagens transversais nos projetos e a ampliação de espaços de diálogo entre academia e setor privado

O sotaque não esconde as origens da cearense, Leticia Veras Costa Lotufo, a nova integrante da coordenação do Programa Biota/Fapesp. Letícia traz em sua bagagem uma sólida formação em farmacologia de produtos naturais a partir da biodiversidade brasileira, em especial do ambiente marinho, aonde vem desenvolvendo projetos para estudar a biodiversidade microbiana e do seu potencial biotecnológico, visando o desenvolvimento sustentável de novos fármacos. Letícia Lotufo estará na vaga antes ocupada por Roberto Berlink, do Instituto de Química de São Carlos (Universidade de São Paulo) que colaborou com o Programa Biota por 11 anos.

Professora Titular e Chefe do Departamento de Farmacologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB/USP), a nova integrante da coordenação é formada em Ciências Biológicas pela USP onde também realizou seu doutorado e pós-doutorado antes de passar uma temporada no Scripps Institution of Oceanography da UCSD. Letícia também foi professora do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da Universidade Federal do Ceará (UFC), participou ativamente de diferentes sociedades científicas e atualmente é membro titular da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (ACIESP). Traz em seu currículo mais de três centenas de artigos científicos e contribuiu com a formação de 23 mestres e 21 doutores. Atua também no Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Biodiversidade e Produtos Naturais (INCT-BioNat) e lidera o eixo de bioprospecção da Rede Nacional de Pesquisa em Biodiversidade Marinha (Sisbiota-Mar).

Atualmente Letícia coordena um projeto temático com financiamento da FAPESP cujo objetivo é encontrar substâncias com atividade anticâncer a partir de microrganismos marinhos associados a ascídias, corais e ao sedimento do litoral brasileiro. Sua estreia como membro da coordenação Biota ocorreu como anfitriã do webinário sobre Bioprospecção no ciclo de seminários comemorativos de 20 anos do Programa. “Vejo que há várias possibilidades de integração transversal entre projetos de diferentes áreas e programas que podemos explorar, seja na microbiologia, na ecologia ou nas mudanças climáticas” explica a bióloga.

Em termos de parceria com o setor privado para a inovação, Lotufo visualiza um quadro amplo para as aplicações biotecnológicas da biodiversidade. “Além dos fármacos, há uma infinidade de outras aplicações da biodiversidade que podem ser estudadas e que não requerem um investimento tão elevado, como enriquecedores de alimentos, cosméticos, têxtil, materiais, entre outros”, explica Lotufo. Entretanto, para isso ocorra, “é necessário ampliar os espaços de diálogo entre universidades e o setor produtivo para que mapeiem potenciais parcerias e, sobretudo, estabeleçam a confiança entre pesquisadores e empresa” afirma a pesquisadora. Para Lotufo estes espaços de diálogo podem ter múltiplos formatos, seja pelos Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) das universidades e institutos de pesquisa, organização de feiras de empreendedorismo, financiamentos para as parcerias universidade e empresa, entre outros. “É desta forma que vamos conseguir inovar e transbordar para a sociedade os benefícios da ciência e da biodiversidade”, completa Lotufo. E finaliza, “vivemos um momento desafiador para a conservação da biodiversidade e é pela ciência que podemos mostrar que o uso e a conservação da biodiversidade têm que caminhar juntos”.