Os limites do conhecimento não obedecem às disciplinas. Embora ainda insistamos em criar contornos para um conjunto de conhecimentos e chamá-los de disciplinas por nossa conveniência. Um estudo abrangente da biodiversidade não se encerra em uma área circunscrita do conhecimento, ele transcende fronteiras e alcança diferentes horizontes. Neste número do Boletim Biota Highlights, mais uma vez, trazemos exemplos de pesquisas que se beneficiam do diálogo que transpõem os muros das disciplinas.
![Agricultura periurbana na região de Caçapava. Foto: Camille Nolasco (c). Cacapava_peri_01](http://www.biota.org.br/wp-content/uploads/2016/05/Cacapava_peri_01-300x225.jpg)
Projetos de extensões continentais e temas abrangentes, como os do edital Dimensions of Biodiversity (parceria entre o Programa Biota/Fapesp e a National Science Fundation – NSF) são um caso exemplar. Neste número apresentamos mais dois projetos desta parceria (já falamos deste edital antes). Em Costurando histórias, a pesquisadora Cristina Miyaki (Instituto de Biociências/USP-SP) e Ana Carolina Carnaval (City College of New York) encabeçam o estudo cujo objetivo é descrever os padrões espaciais de diversidade na Floresta Atlântica, correlacionando informação detalhada sobre análises filogenéticas de produtores, consumidores, parasitas e bactérias simbiontes com modelos climáticos dinâmicos. Desta forma, pela primeira vez será possível uma leitura conjunta de três dimensões ambientais: filogenia, funcional e climática.
O outro projeto da parceria do Programa Biota com a NSF é apresentado em Ecologia pelas lentes da Química, liderado por Massuo Kato (Instituto de Química/USP-SP) e Lee Dyer (University of Nevada Reno). A interação entre as espécies pela perspectiva da química é o convite desta pesquisa que investiga como o refinado sistema multitrófico inseto-planta-parasitoide é influenciado pelas interações químicas. A área de abrangência do estudo alcança América do Sul e Central.
Em Tubarões e Raias: banco genético e conservação aponta como o compartilhamento de dados pode ser próspero tanto no avanço da ciência quanto para a promoção de colaborações e para delinear estratégias de conservação das espécies de tubarões e raias.
“A batalha dos fungos” e o incentivo às relações entre universidades e escolas apresenta a maneira criativa que a parceria entre escola e universidade encontrou de tratar temas como a microbiologia, cruzando as fronteiras entre o conhecimento acadêmico e o escolar.
Mantendo o compromisso de acompanhar os desdobramentos científicos do desastre de Mariana (MG) preparamos a matéria Giaia divulga análise da qualidade das águas e continua em busca de pesquisadores em Ictiologia. A matéria relata o atual paradoxo em que se encontra o Rio Doce: por causa dessa escassez de chuva ele está muito baixo em alguns locais e isso significa que precisa chover. Mas se chover vai carregar a lama das margens para o rio. Ou seja, ainda demorará muito tempo para as funções ecológicas se restaurarem ao longo deste importante curso d’água brasileiro.
Incorporar definitivamente as cidades na discussão sobre sustentabilidade. Este é um dos motes da matéria Agricultura Urbana e Periurbana que traz a entrevista com a Dra. Camille Nolasco (INPE) que nos apresenta o tema tão relevante para a população urbana global.
Esperamos que desfrutem deste número, assim como nós desfrutamos em prepará-lo.
Paula e Érica