Os limites do conhecimento não obedecem às disciplinas. Embora ainda insistamos em criar contornos para um conjunto de conhecimentos e chamá-los de disciplinas por nossa conveniência. Um estudo abrangente da biodiversidade não se encerra em uma área circunscrita do conhecimento, ele transcende fronteiras e alcança diferentes horizontes. Neste número do Boletim Biota Highlights, mais uma vez, trazemos exemplos de pesquisas que se beneficiam do diálogo que transpõem os muros das disciplinas.
Projetos de extensões continentais e temas abrangentes, como os do edital Dimensions of Biodiversity (parceria entre o Programa Biota/Fapesp e a National Science Fundation – NSF) são um caso exemplar. Neste número apresentamos mais dois projetos desta parceria (já falamos deste edital antes). Em Costurando histórias, a pesquisadora Cristina Miyaki (Instituto de Biociências/USP-SP) e Ana Carolina Carnaval (City College of New York) encabeçam o estudo cujo objetivo é descrever os padrões espaciais de diversidade na Floresta Atlântica, correlacionando informação detalhada sobre análises filogenéticas de produtores, consumidores, parasitas e bactérias simbiontes com modelos climáticos dinâmicos. Desta forma, pela primeira vez será possível uma leitura conjunta de três dimensões ambientais: filogenia, funcional e climática.
O outro projeto da parceria do Programa Biota com a NSF é apresentado em Ecologia pelas lentes da Química, liderado por Massuo Kato (Instituto de Química/USP-SP) e Lee Dyer (University of Nevada Reno). A interação entre as espécies pela perspectiva da química é o convite desta pesquisa que investiga como o refinado sistema multitrófico inseto-planta-parasitoide é influenciado pelas interações químicas. A área de abrangência do estudo alcança América do Sul e Central.
Em Tubarões e Raias: banco genético e conservação aponta como o compartilhamento de dados pode ser próspero tanto no avanço da ciência quanto para a promoção de colaborações e para delinear estratégias de conservação das espécies de tubarões e raias.
“A batalha dos fungos” e o incentivo às relações entre universidades e escolas apresenta a maneira criativa que a parceria entre escola e universidade encontrou de tratar temas como a microbiologia, cruzando as fronteiras entre o conhecimento acadêmico e o escolar.
Mantendo o compromisso de acompanhar os desdobramentos científicos do desastre de Mariana (MG) preparamos a matéria Giaia divulga análise da qualidade das águas e continua em busca de pesquisadores em Ictiologia. A matéria relata o atual paradoxo em que se encontra o Rio Doce: por causa dessa escassez de chuva ele está muito baixo em alguns locais e isso significa que precisa chover. Mas se chover vai carregar a lama das margens para o rio. Ou seja, ainda demorará muito tempo para as funções ecológicas se restaurarem ao longo deste importante curso d’água brasileiro.
Incorporar definitivamente as cidades na discussão sobre sustentabilidade. Este é um dos motes da matéria Agricultura Urbana e Periurbana que traz a entrevista com a Dra. Camille Nolasco (INPE) que nos apresenta o tema tão relevante para a população urbana global.
Esperamos que desfrutem deste número, assim como nós desfrutamos em prepará-lo.
Paula e Érica