Scroll Top

Relações entre biodiversidade e saúde despertam interesse de jovens paulistas

Compreender quais os interesses dos jovens em relação à ampla temática da biodiversidade tem sido o objetivo de pesquisa de alguns projetos de pesquisas relacionados ao Programa Biota/Fapesp. Em setembro de 2020, uma das pesquisas realizadas mostrou que os jovens estão cada vez mais interessados em temas ambientais e científicos. No entanto, esse interesse variava entre as regiões do país. Em nova pesquisa, publicada no periódico Sustentability, a busca foi por compreender quais os aspectos relacionados à biodiversidade que poderiam despertar o interesse de jovens no estado de São Paulo. As relações com a saúde, seja pelo uso de plantas medicinais, desenvolvimento de novos fármacos ou relação direta com doenças, foi uma das temáticas que despertou o maior interesse entre os jovens que participaram desse estudo.

A pesquisa, coordenada pela pesquisadora Fernanda Franzolin, da Universidade Federal do ABC, procurou mapear em detalhes quais os interesses relacionados à biodiversidade de 188 estudantes de 10 escolas localizadas em diferentes regiões do estado de São Paulo no segundo semestre do ano de 2019. Compreender com profundidade o que interessa aos estudantes – e também o que não interessa – é um passo essencial para a construção de caminhos pedagógicos. “Pesquisas como essas são baseadas no pressuposto de que é preciso dar mais atenção às vozes dos alunos na constituição dos currículos e materiais didáticos, além de fomentar a relevância e a atratividade do ensino de ciências”, explica a pesquisadora.

Quando perguntados a respeito da diversidade de organismos, os estudantes demonstraram maior interesse em temáticas relacionadas à saúde e utilidade humana, mais do que um interesse no valor intrínseco da diversidade biológica. Outros estudos realizados no mundo demonstraram o mesmo tipo de resultado: os jovens também estão mais interessados em temas relacionados ao corpo humano, saúde e doenças em países como a Suécia, Finlândia, Eslováquia e Itália.

O uso de plantas medicinais e tratamentos médicos alternativos foram as temáticas indicadas como de maior interesse, com maior ênfase nas plantas medicinais. O interesse por aspectos relacionados à saúde, em especial ao uso de plantas medicinais, não se relaciona especificamente ao contexto da pandemia. Pesquisas anteriores realizadas no estado de São Paulo já demostravam que o interesse e o conhecimento familiar do uso de plantas medicinais desperta o interesse dos jovens na temática.

Os interesses citados evidenciaram uma relação antropocêntrica entre ser humano e natureza, isto é, focada na utilização da natureza pelo e para o ser humano. Apesar disso, para os pesquisadores envolvidos, o estudo reforça a ideia de que para aprender sobre biodiversidade nas escolas é importante endereçar as preocupações dos alunos em relação à preservação ambiental. E uma forma de estimular esse interesse entre os jovens é conectar os temas da biodiversidade com a saúde. “É importante tratar o viés da saúde humana como meio e não como fim na educação em biodiversidade, considerando o valor da biodiversidade para a saúde como uma forma de promover o valor intrínseco da biodiversidade”, ressalta Fernanda Franzolin, “esse é um caminho que abre possibilidades de diferentes conexões tanto com a questão da conservação ambiental quanto com o interesse dos jovens”.

Artigo completo: Franzolin, Fernanda et. al. Students’ Interests in Biodiversity: Links with Health and Sustainability. Sustainability 2021, 13(24), 13767; https://doi.org/10.3390/su132413767