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Avanços nos estudos sobre anfíbios nos últimos sessenta anos

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), especialmente por meio do Programa Biota, desempenhou um papel crucial nos avanços significativos observados nos estudos sobre anfíbios ao longo das últimas seis décadas, não apenas financiando diretamente projetos de pesquisa e bolsas de estudo, mas também promovendo políticas de treinamento científico que estimularam colaborações com instituições de pesquisa de renome mundial. Esta é a conclusão do artigo “De genes a ecossistemas: uma síntese da pesquisa em biodiversidade de anfíbios no Brasil“, publicado no número especial da Revista Biota Neotropica em celebração aos 60 anos da FAPESP.

O estudo, liderado por Célio Haddad (Unesp/Rio Claro) avalia que, no final da década de 1990, o conhecimento da diversidade de anfíbios no estado de São Paulo estava limitado a cerca de 180 espécies, aumentando para 240 nos anos 2000, um crescimento de mais de 30% em cerca de uma década, graças ao uso generalizado de novas técnicas, especialmente o sequenciamento de DNA. “Além das áreas básicas de pesquisa, tais como taxonomia, sistemática, filogenia e história natural, o apoio a longo prazo da FAPESP permitiu que nossa ciência florescesse em vários outros subcampos, incluindo biogeografia, filogeografia, genética populacional, filogenética comunitária, evolução de traços e ecologia de doenças”, analisam os autores.

O artigo também oferece uma visão abrangente dos projetos e bolsas relacionados à pesquisa com anfíbios financiados pela FAPESP desde seus primórdios, contabilizando 227 projetos e 434 bolsas, incluindo aquelas voltadas para inovação tecnológica, iniciação científica, pós-doutorado, treinamento técnico e jornalismo científico. Ainda para os autores, a criação do Programa Biota/FAPESP em 1999 foi um marco que impulsionou o Brasil a uma posição de destaque na pesquisa sobre biodiversidade e liderança global na ciência. O programa não apenas consolidou áreas de pesquisa básica, mas também facilitou a diversificação de campos emergentes e disciplinas tradicionais em outras partes do mundo.

Olhando para o futuro, os autores esperam que a continuidade do investimento na pesquisa da área resulte em uma forte integração entre diferentes disciplinas, utilizando novas ferramentas de bioinformática e abordagens de modelagem, como o aprendizado de máquina. Essas inovações são consideradas críticas para avançar ainda mais na compreensão das características da história de vida dos anfíbios, transmissão de doenças, estrutura de comunidades, biogeografia e previsões populacionais em cenários de mudanças globais, como expansão da agricultura, uso de agrotóxicos, perda de habitat e mudanças climáticas.

Sobre a Biota Neotropica Especial

Em comemoração aos 60 anos da FAPESP a Revista Biota Neotropica, publicada pelo Programa Biota/Fapesp, reúne artigos que analisam a contribuição da Fundação para a área de pesquisa em conservação, uso sustentável e restauração da biodiversidade. O número especial conta com 24 revisões temáticas originais disponíveis na página da revista (https://www.biotaneotropica.org.br) e do SciELO (https://www.scielo.br/j/bn/).

Segundo o editor-chefe da revista, Carlos Joly (IB/Unicamp), a proposta é destacar os avanços no conhecimento científico desde 1962 (data de fundação da Fapesp), “creio que esta é uma excelente oportunidade de sintetizarmos a enorme contribuição dada pela Fapesp para a grande área temática que a caracterização, conservação, restauração e uso sustentável da biodiversidade abrange. Evidentemente, destaque é dado aos projetos desenvolvidos no âmbito do Programa Biota, de 1999 até o presente”.

Desde seu lançamento em 2001 a Biota Neotropica segue a política de acesso livre, isto é, todos os artigos estão disponíveis em formato on-line sem custos para os leitores. E a partir de janeiro de 2022 os dados dos artigos aprovados começaram a ser publicados em repositórios públicos , em consonância com o processo de alinhamento às práticas da ciência aberta promovido pela Rede SciELO.