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Bioprospecção, bioeconomia e a pesquisa em biodiversidade

A Rede BIOprospecTA (Rede Biota de Bioprospecção e Bioensaios do Programa Biota/Fapesp) foi criada em 2003 com o objetivo de identificar compostos bioativos de microorganismos, plantas, invertebrados, vertebrados e organismos marinhos. Dois artigos publicados na revista Biota Neotropica traçam as principais contribuições da FAPESP, por ocasião de seus 60 anos, no apoio ao desenvolvimento da química de produtos naturais, considerada a base da bioprospecção e da criação da BIOprospecTA.

O artigo “Bioprospecção de macroalgas, invertebrados marinhos e terrestres e microbiota associada” assinado por Letícia Costa-Lotufo e colaboradores, ressalta a importância da pesquisa aplicada e do desenvolvimento de tecnologias na bioprospecção de moléculas naturais. Este esforço não se limita apenas à descoberta de novos compostos, mas também engloba a busca por novas aplicações para produtos químicos já conhecidos. Essas estratégias estão em sintonia com os conceitos emergentes de Bioeconomia e Economia Circular, o que, para os autores, exige inovações ecologicamente corretas, matérias-primas sustentáveis, zero desperdício e diminuição na emissão de CO2.

O segundo artigo, “Bioprospecção como estratégia para a conservação e uso sustentável da Flora Brasileira”, destaca as contribuições dos 35 projetos vinculados ao Programa Biota que, até 2021, concentraram seus esforços na bioprospecção de vegetais. Segundo os autores, esses projetos resultaram em 450 artigos e “no engajamento de centenas de estudantes e em um entendimento mais profundo dos produtos naturais em diferentes modelos biológicos”. Os resultados desses projetos incluíram a publicação de 450 artigos, o envolvimento de centenas de estudantes e uma compreensão mais aprofundada dos produtos naturais em diversos modelos biológicos. Dentre esses artigos, 230 exploraram o isolamento, caracterização e avaliação biológica de compostos naturais purificados, com ênfase na ação antiparasitária (especialmente para Doenças Tropicais Negligenciadas) e na ação antitumoral. Além disso, houve pesquisas dedicadas à avaliação de compostos com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, visando o controle de doenças como a diabetes.

Os resultados dessas pesquisas não se limitam apenas ao avanço científico. Eles foram organizados no banco de dados NUBBEDB, de livre acesso, integrado a bancos de dados internacionais, proporcionando suporte a pesquisadores e empresas nas áreas de ciência e tecnologia. Para os autores do artigo, este banco de dados fortalece a bioeconomia ao subsidiar políticas públicas, fomentar inovações e contribuir para o desenvolvimento sustentável em diversas frentes do conhecimento científico.

Sobre a Biota Neotropica Especial

Em comemoração aos 60 anos da FAPESP a Revista Biota Neotropica, publicada pelo Programa Biota/Fapesp, reúne artigos que analisam a contribuição da Fundação para a área de pesquisa em conservação, uso sustentável e restauração da biodiversidade. O número especial conta com 24 revisões temáticas originais disponíveis na página da revista (https://www.biotaneotropica.org.br) e do SciELO (https://www.scielo.br/j/bn/).

Segundo o editor-chefe da revista, Carlos Joly (IB/Unicamp), a proposta é destacar os avanços no conhecimento científico desde 1962 (data de fundação da Fapesp), “creio que esta é uma excelente oportunidade de sintetizarmos a enorme contribuição dada pela Fapesp para a grande área temática que a caracterização, conservação, restauração e uso sustentável da biodiversidade abrange. Evidentemente, destaque é dado aos projetos desenvolvidos no âmbito do Programa Biota, de 1999 até o presente”.

Desde seu lançamento em 2001 a Biota Neotropica segue a política de acesso livre, isto é, todos os artigos estão disponíveis em formato on-line sem custos para os leitores. E a partir de janeiro de 2022 os dados dos artigos aprovados começaram a ser publicados em repositórios públicos , em consonância com o processo de alinhamento às práticas da ciência aberta promovido pela Rede SciELO.