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Dados de artigos da Revista Biota Neotropica passam a ser publicados em repositórios públicos

A revista Biota Neotropica foi lançada pelo Programa Biota em 2001 e, desde o princípio, em formato online e sem custos para os leitores. Essas características, bastante inovadoras para a época, se relacionam aos objetivos do Programa de garantia de acesso rápido e gratuito às informações geradas nas pesquisas sobre biodiversidade. A partir de janeiro de 2022 mais um passo será dado nessa direção: os dados dos artigos aprovados devem ser publicados em repositórios públicos, facilitando o acesso aos mesmos.

A iniciativa faz parte do processo de alinhamento às práticas da ciência aberta promovido pela Rede SciELO que implementou em 2019 o SciELO Data, um repositório público de dados para o uso por parte das revistas que fazem parte da rede. Desde então, 16 periódicos aderiram experimentalmente à ideia e possuem repositório definido, sendo que a meta apresentada pelo SciELO em sua reunião de avaliação deste ano é que 75% dos periódicos cadastrados estejam em conformidade com práticas de ciência aberta até 2023.

Desde 2019 a Biota Neotropica recomenda a publicação dos dados em repositórios públicos e, agora, essa publicação passa a ser obrigatória. “É a primeira revista da área no SciELO a fazer essa exigência e isso tem exigido um trabalho bastante próximo entre as equipes para a formatação do repositório para o recebimento desses dados biológicos”, ressalta Carlos Joly, editor da revista, “nossa revista segue o que jornais mais tradicionais da área já exigem, como o Journal of Ecology, Ecology e PlosOne e consideramos que este é um caminho importante, no qual mostramos que os dados são bens públicos, na maior parte das vezes, gerados a partir de financiamento público, e podem e devem ser utilizados por mais autores que queriam fazer outras análises”.

Para alcançar esses objetivos, José Augusto Salim, editor eletrônico da revista e parte da equipe do Programa Biota, tem trabalhado em conjunto com o SciELO na organização de dados biológicos, em formato internacional para o repositório da revista. “O grande desafio atual é publicar dados padronizados, que permitam a comparação entre eles”, explica José Salim, “estamos trabalhando e analisando a inserção de campos específicos para metadados de biodiversidade, baseados no Ecological Metadata Language, um padrão de metadados dedicado à descrição de conjuntos de dados das ciências biológicas”.

José Salim também reforça que os dados dos artigos podem ser publicados tanto repositório da própria revista como em outros repositórios públicos como o Sistema de Informação Ambiental do Programa Biota, o SinBiota. “Já é possível utilizar o SinBiota por meio da URL dos dados, mas estamos trabalhando para que seja possível a publicação de DOI associado aos dados inseridos no Sistema”, explica José Salim. Além do SinBiota, outros repositórios podem ser utilizados como Dryad Digital Repository – Dryad, TreeBASE Web, GenBank, Figshare, ForestPlots, Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira/SiBBr, GBIF Integrated Publishing Toolkit.

“Imaginamos que teremos um impacto no número de artigos submetidos num primeiro momento e que será um enorme aprendizado para a comunidade científica da área”, ressalta Carlos Joly.  O pesquisador recorda que a revista já passou por outras modificações grandes que tiveram um impacto inicial, como a cobrança de parte dos custos de publicação. Na época, a Biota Neotropica foi uma das primeiras a fazer esse tipo de cobrança que, logo depois essa cobrança se tornou padrão.  “Com a questão dos dados publicados em repositórios públicos, mais uma vez estamos  sendo pioneiros e acreditamos na importância dessas alterações. ”, conclui Carlos Joly.

Os detalhes podem ser encontrados nas regras de submissão da revista Biota Neotropica.