Biota Síntese – Plano Estratégico de Ação do Programa Biota/Fapesp

A ciência de síntese pode ser entendida como uma nova forma de produção científica, que busca explorar as fronteiras de disciplinas científicas para a geração de novas ideias, modelos, paradigmas e teorias a partir da organização, reanálise, reinterpretação ou recontextualização de dados previamente coletados.

Sínteses científicas permitem lidar de forma mais efetiva com problemas complexos que requerem a integração de conhecimento ou abordagens de diferentes disciplinas. Trata-se, assim, de uma abordagem participativa, colaborativa e transdisciplinar, que estimula o pensamento associativo e criativo entre áreas de conhecimento, também referido como pensamento lateral (lateral thinking). Essa abordagem requer a explícita participação de grupos heterogêneos de pesquisadores (ex., áreas de conhecimento, senioridade e expertise em instrumentos de análise de dados) em todo o processo de geração de conhecimento a fim de potencializar a identificação e exploração de novas ideias. Para sínteses voltadas às questões ou problemas ambientais atuais, a participação de outros atores sociais (ex., gestores ambientais, tomadores de decisão, usuários de recursos, populações tradicionais) é crucial na cocriação de conhecimentos e soluções. O conhecimento assim produzido tem maior potencial de levar a produtos socialmente relevantes, especialmente aqueles que subsidiem a tomada de decisão e a formulação de políticas públicas.

A ciência de síntese complementa e valoriza outras abordagens científicas utilizadas para o conhecimento da biodiversidade, uma vez que usa e ressignifica dados obtidos a partir de pesquisa de campo ou de experimentação em laboratório. Particularmente, espera-se que os dados gerados por iniciativas desenvolvidas em outros eixos do Biota 2030, como o Biota Descoberta e o Biota Transformação, sejam aqui integrados e recontextualizados para a expansão do conhecimento científico.

É importante destacar que o estado de São Paulo tem condições propícias para o desenvolvimento de iniciativas de análise e síntese de dados de biodiversidade, uma vez que possui: (i) uma comunidade científica madura, produtiva e capacitada para análise e modelagem de dados, com experiência de trabalho em rede, de forma colaborativa; (ii) um conjunto amplo e espacialmente organizado de dados biológicos (ex., registros de ocorrência de espécies) e de dados ambientais (ex., clima, relevo, uso e cobertura do solo); e (iii) uma rica biodiversidade com amplo potencial de provisão de serviços ecossistêmicos, o que pode alavancar a produção agrícola e auxiliar na mitigação e adaptação às mudanças climáticas, assim como a transição para paisagens mais resilientes e saudáveis para sua população (ver Biota Transformação). As iniciativas de síntese podem ser uma forma efetiva de aproximação da pesquisa com tomadores de decisão na área ambiental, atuando no suporte de políticas públicas.

Essa promoção à “ciência de síntese” no estado de São Paulo deverá ser feita em estreita colaboração com outras iniciativas similares no Brasil, como no caso do Centro de Síntese para Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (SinBiose), liderado pelo CNPq. A articulação entre essas iniciativas permitirá abranger uma maior diversidade de sistemas socioambientais em todo território nacional, além de lidar com questões de interesses mais amplo, nacionais ou internacionais, e de acolher contribuições de pesquisadores, gestores e tomadores de decisão de todo Brasil.

Promover a ciência colaborativa de síntese com o intuito de integrar o conhecimento e estimular novas ideias, abordagens e soluções relacionadas ao entendimento, conservação ou uso da biodiversidade.

• Formação de redes nacionais e internacionais de pesquisa de síntese;
• Formação de uma nova geração de pesquisadores capaz de trabalhar de forma colaborativa em redes de pesquisa;
• Produção de conhecimento integrado e inter/transdisciplinar;
• Desenvolvimento de estratégias para resolução de problemas complexos;
• Valorização e estímulo à organização e ao compartilhamento público de bancos de dados em biodiversidade;
• Facilitação da interação de pesquisadores com diferentes atores sociais na busca de soluções para problemas socioambientais e no caminho para transições sustentáveis (de forma similar e complementar ao Biota Transformação).

• Lançar pelo menos uma Chamada de Síntese a cada dois ou três anos.
• Apoiar pelo menos cinco projetos na nova modalidade de auxílio (“auxílio síntese”) a cada dois ou três anos;
• Estimular pelo menos dois Jovens Pesquisadores por Chamada de Síntese para atividades de síntese em ciência da biodiversidade;
• Para cada projeto apoiado, tornar disponível publicamente os novos dados gerados através de, pelo menos, um novo conjunto de dados ou publicação de um data paper por projeto;
• Promover pelo menos um evento a cada dois anos (ex., webinário, workshop) voltado ao estímulo ou à apresentação de resultados de síntese transdisciplinar (com parceiros governamentais ou não- governamentais).