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Explorando a diversidade microbiana do Brasil por meio das pesquisas financiadas pela FAPESP

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Microorganismos estão espalhados por toda a biosfera e desempenham papéis cruciais nos processos em larga escala da Terra como, por exemplo, nos ciclos de carbono e nitrogênio. Conhecer sua diversidade e suas funções é um dos principais objetivos de pesquisa em ciência ambiental, mas também em muitas outras áreas, como agricultura e silvicultura. O artigo “Micro-organismos: os agentes secretos da biosfera, e seus papéis determinantes na biotecnologia”, publicado no número especial da Revista Biota Neotropica sobre os 60 anos da Fapesp, analisa as pesquisas financiadas ao longo do Programa Biota.

Em especial, Valéria Oliveira (UNICAMP) e colaboradores analisam as pesquisas resultantes de edital específico de 2011, denominado Biota-Microoganismos, que visava estimular a pesquisa sobre a identificação de novos microrganismos produtores de antibacterianos, a caracterização de novas enzimas para aplicações industriais, a classificação taxonômica de novos microrganismos em vários ambientes e a investigação do ecossistema microbiano do solo e sua influência sobre espécies de plantas ameaçadas de extinção.

Entre as 46 pesquisas analisadas, 29 envolviam a aplicação biotecnológica. Entre eles, por exemplo, dois projetos focados na busca por produtos naturais provenientes de microorganismos marinhos que, segundo os autores da análise, “levaram ao isolamento de milhares de cepas bacterianas e fúngicas, que podem ser usadas com várias finalidades na biotecnologia microbiana”.

Outro destaque foi para a ampliação do escopo das pesquisas sobre microorganismos associados a plantas e sistemas agrícolas a partir da criação do Programa Biota. “Entre 1962 e 1991, os principais objetivos dos projetos submetidos à FAPESP para financiamento de pesquisa se concentraram no cultivo de microrganismos, essencialmente para aplicações biotecnológicas e indicadores de poluição”, explicam os autores, “já nas décadas seguintes, e principalmente devido à criação do Programa Biota, os objetivos foram ampliados para a compreensão da comunidade microbiana e suas interações, especialmente aquelas que ocorrem no solo, bem como na rizosfera e nas associações entre plantas e bactérias”.

Sobre a Biota Neotropica Especial

Em comemoração aos 60 anos da FAPESP a Revista Biota Neotropica, publicada pelo Programa Biota/Fapesp, reúne artigos que analisam a contribuição da Fundação para a área de pesquisa em conservação, uso sustentável e restauração da biodiversidade. O número especial conta com 24 revisões temáticas originais disponíveis na página da revista (https://www.biotaneotropica.org.br) e do SciELO (https://www.scielo.br/j/bn/).

Segundo o editor-chefe da revista, Carlos Joly (IB/Unicamp), a proposta é destacar os avanços no conhecimento científico desde 1962 (data de fundação da Fapesp), “creio que esta é uma excelente oportunidade de sintetizarmos a enorme contribuição dada pela Fapesp para a grande área temática que a caracterização, conservação, restauração e uso sustentável da biodiversidade abrange. Evidentemente, destaque é dado aos projetos desenvolvidos no âmbito do Programa Biota, de 1999 até o presente”.

Desde seu lançamento em 2001 a Biota Neotropica segue a política de acesso livre, isto é, todos os artigos estão disponíveis em formato on-line sem custos para os leitores. E a partir de janeiro de 2022 os dados dos artigos aprovados começaram a ser publicados em repositórios públicos , em consonância com o processo de alinhamento às práticas da ciência aberta promovido pela Rede SciELO.