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Investimento contínuo na pesquisa em biodiversidade marinha coloca o Brasil no cenário global

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A pesquisa em biodiversidade marinha no estado de São Paulo cresceu em quantidade, qualidade, abrangência e impacto nos últimos 60 anos. O investimento contínuo feito pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e as chamadas especiais realizadas dentro do Programa Biota tiveram grande impacto neste crescimento. É o que revela o artigo “Estudos de biodiversidade marinha e costeira, 60 anos de financiamento à pesquisa da FAPESP, o que aprendemos e desafios futuros”, publicado no número especial da Revista Biota Neotropica sobre os 60 anos da Fapesp

O estudo, realizado pelo pesquisador Antonio Marques (IB/USP) e colaboradores, analisa 300 projetos financiados pela FAPESP entre 1972 e 2021. A maioria dos projetos (60%) concentrou-se em organismos bentônicos costeiros em substratos consolidados (como os costões rochosos e os recifes de coral).

“De um único projeto na década de 1970, o número aumentou gradualmente, alcançando um momento crucial em 2009, quando o Programa Biota iniciou uma chamada para projetos de biodiversidade marinha, resultando em um aumento expressivo de iniciativas financiadas nos anos seguintes”, explicam os autores, “geograficamente, os projetos expandiram-se de estudos costeiros no Estado de São Paulo para abranger áreas mais extensas ao longo da costa brasileira, estendendo-se posteriormente ao Atlântico e, finalmente, alcançando uma abrangência global”

Dentre as oportunidades e desafios para o futuro foi destacada a necessidade de incentivo às pesquisas em áreas ainda pouco estudadas, como, por exemplo, sobre o oceano profundo. Para os autores, a melhor compreensão deste ecossistema permitirá o planejamento adequado do manejo e, consequentemente, a conservação do mesmo. O grande desafio para alcançar esse conhecimento é o alto custo das pesquisas, dada a necessidade de equipamentos e embarcações específicas, além da falta de recursos humanos na área.

Os autores destacam, também, a Década do Oceano da UNESCO, iniciada em 2021 como uma janela de oportunidade para fortalecer a pesquisa marinha, colaborações nacionais e internacionais, e, especialmente, a sensibilização do público sobre a importância de compreender e utilizar os recursos oceânicos de forma sustentável.

Sobre a Biota Neotropica Especial

Em comemoração aos 60 anos da FAPESP a Revista Biota Neotropica, publicada pelo Programa Biota/Fapesp, reúne artigos que analisam a contribuição da Fundação para a área de pesquisa em conservação, uso sustentável e restauração da biodiversidade. O número especial conta com 24 revisões temáticas originais disponíveis na página da revista (https://www.biotaneotropica.org.br) e do SciELO (https://www.scielo.br/j/bn/).

Segundo o editor-chefe da revista, Carlos Joly (IB/Unicamp), a proposta é destacar os avanços no conhecimento científico desde 1962 (data de fundação da Fapesp), “creio que esta é uma excelente oportunidade de sintetizarmos a enorme contribuição dada pela Fapesp para a grande área temática que a caracterização, conservação, restauração e uso sustentável da biodiversidade abrange. Evidentemente, destaque é dado aos projetos desenvolvidos no âmbito do Programa Biota, de 1999 até o presente”.

Desde seu lançamento em 2001 a Biota Neotropica segue a política de acesso livre, isto é, todos os artigos estão disponíveis em formato on-line sem custos para os leitores. E a partir de janeiro de 2022 os dados dos artigos aprovados começaram a ser publicados em repositórios públicos , em consonância com o processo de alinhamento às práticas da ciência aberta promovido pela Rede SciELO.