A fotografia científica abre um leque de possibilidades de pesquisa e de uso como material de apoio didático.
Fotografias e vídeos são formas de linguagens visuais de grande apelo popular. São bastante conhecidas e, relativamente, de fácil acesso na sociedade contemporânea, por meio dos celulares e das redes sociais.
A ciência também se beneficiou da popularização destas técnicas. Se no início a linguagem visual tinha a função de registro e documentação, tomando o lugar das ilustrações científicas, hoje as fotografias e vídeos se recriam como instrumentos ou metodologias de pesquisa.
Mas, afinal, o que define a fotografia científica? Para André Bianco, coordenador do Núcleo de Fotografia Científica da Unifesp-Diadema, não são as técnicas utilizadas, mas a temática: “a meu ver, a fotografia é composta de diversas técnicas que podem ser utilizadas em diferentes áreas, por exemplo, para fazer fotografias da área de química, eu uso métodos da fotografia gastronômica, quando saio a campo eu uso técnicas da fotografia de esporte. Então não posso dizer que a técnica vai definir a minha fotografia, mas sim o tema que eu me interesso. Portanto, é o tema de interesse dos cientistas que define a fotografia científica”.
Iniciado em 2013, o Núcleo de Fotografia Científica teve como inspiração as pesquisas e experiências de Bianco tanto na área de ensino de Ciências quanto em seu interesse e formação pessoal nas área de cinema de animação e fotografia. “Primeiro comecei a investigar se havia público para essa área do conhecimento na Unifesp por meio de oficinas e, desde 2016, desenvolvo um projeto de pesquisa e extensão”, explica Bianco, “especialmente o desenvolvimento de cursos de fotografia científica destinados a toda a população, que não precisam ter vínculo universitário”.
A equipe do Núcleo atua também em outras frentes, sempre colocando a imagem como o foco central.
A série de vídeos “Ciência no Cotidiano”, feita em parceria com o Departamento de Comunicação Institucional da Unifesp é uma delas. “São documentários sobre a fauna de SP, que têm como objetivo atingir alunos da educação básica no Brasil e trazem sempre um pesquisador na fala central”, comenta Bianco.
A partir da percepção de que as pessoas são mais cuidadosas com relação às questões ambientais quando estão fora de suas cidades, Bianco e equipe desenvolveram os vídeos com foco nos animais e plantas que vivem nas áreas metropolitanas, procurando provocar um novo olhar sobre a importância da preservação da fauna e flora mesmo nos ambientes urbanos das grandes cidades. “Há também um outro objetivo, que é oferecer para estudantes que não tem oportunidade de fazer viagens a campo o contato com a natureza em sua própria cidade. Além disso, os documentários podem auxiliar professores a buscar dar aulas em áreas próximas à escola e a sua comunidade, sem a necessidade de fazer excursões para longe para a observação de fauna”, completa Bianco.
Um outro objetivo no núcleo é servir de apoio para pesquisadores que querem utilizar imagens em seus trabalhos mas não sabem ou não dispõe de equipamentos para produzi-las. “Esse apoio serve tanto para os pesquisadores como para o desenvolvimento dos estudantes que estão no núcleo, porque entram em contato com diversas técnicas”, explica Bianco.
O lançamento da primeira Revista de Fotografia Científica Ambiental em outubro deste ano (2017) mostra o crescimento do interesse de pesquisadores na área. O foco da revista é a publicação de artigos e estudos originais a respeito do uso de técnicas fotográficas como método científico, o uso da imagem com objeto de estudo e estudos cuja imagem seja fonte de dados.