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A natureza constroi e reconstroi redes de interações que levam a uma fascinante e vulnerável riqueza de relações entre as espécies e seu meio. Porém, quais seriam as consequências de interferências nesses processos naturais?

Sobreposições de nicho, levam a exclusão competitiva. Esta é uma dinâmica conhecida pela Ecologia. Ou seja, à medida em que duas espécies invadem o ambiente uma da outra, competindo por recursos (nutrientes, luz, espaço, etc.), via de regra, uma é prejudicada e a outra, se beneficia. Esse processo ocorre dinamicamente na natureza que vai construindo e reconstruindo redes de interações que levam a uma fascinante e vulnerável riqueza de relações entre as espécies e seu meio. Porém, quais seriam as consequências de interferências nesses processos naturais? Neste número do Biota Highlights apresentamos algumas pesquisas e textos que de alguma forma tem como pano de fundo o questionamento das interferências humanas no equilíbrio dinâmico dos ambientes.

A invasão da floresta, ou do Cerrado adensado, sobre os campos abertos na ausência de fogo por muitos anos é o tema de debate a respeito da conservação da diversidade deste bioma. Ao prevenir as áreas protegidas do fogo há um aumento das espécies arbóreas de Cerrado e uma diminuição drástica das herbáceas: como, então, proteger a biodiversidade do Cerrado de forma integrada?

As espécies ornamentais e de animais domésticos são o tema de trabalho e preocupação ao se tornarem invasoras dos ambientes naturais. O papel de cada cidadão na escolha das espécies que comporão seus jardins e no cuidado adequado dos animais domésticos e o incentivo ao uso de espécies nativas por parte do poder público é central para evitar que ambientes naturais sejam invadidos por espécies exóticas. Responsabilidade e informação sobre as consequências do uso de espécies invasoras são os pontos chave neste texto, escrito em parceria com o Instituto Hórus.

As áreas de fronteira da urbanização desenfreada são o alvo do estudo a respeito da proliferação de mosquitos e doenças associadas. Devido à interferência humana no ambiente natural e à disponibilidade de abrigos artificiais para determinadas espécies de mosquitos (especialmente as associadas à veiculação de patógenos para humanos) essas são áreas de grande circulação de mosquitos e de patógenos, aumentado a chance de infecções. Como integrar as informações existentes e avaliar os riscos, as medidas de prevenção e o manejo dessas espécies?

A memória e a aprendizagem das abelhas é o tema da entrevista deste Boletim, com a pesquisadora Anally Menegasso, do Programa de Ciências Biológicas da UNESP de Rio Claro. Compreender como as abelhas são capazes de aprender e as variáveis que afetam a perda dessa memória pode ajudar na compreensão da chamada síndrome do desaparecimento das abelhas. Uma questão notadamente multi-causal, que necessita da integração entre pesquisas e dados para sua compreensão.

Integrar informações e conhecimentos sempre foi o foco o Programa Biota e o objetivo de alguns produtos produzidos como o site, o Sistema de Informações Ambientais e o Boletim Biota Highlights. E é com o objetivo de incentivar ainda mais as trocas entre projetos e pesquisadores que a Coordenação do Programa tem realizado reuniões, divididas por eixos temáticos, ao longo do ano. A proposta é que os pesquisadores envolvidos conheçam os projetos em andamento e discutam agendas coletas e trabalhos conjuntos.

Os materiais educativos produzidos em dois projetos de pesquisa da área de educação em ambientes marinhos encontram-se disponíveis no site do Programa Biota para download, consulta e utilização.

E, em clima de comemoração, uma notícia especial sobre os vencedores do primeiro concurso Biota Empreendedorismo: em primeiro lugar a proposta de criação de uma cadeia produtiva sustentável com base na restauração de áreas legais de preservação com vegetação nativa de potencial biológico e econômico aliada a um método mais simples e barato de extração de insumos para a produção de tinturas, extratos brutos, frações enriquecidas e substâncias puras. Em segundo lugar, o manejo integrado de carrapatos utilizando atração feromonal e controle biológico.

Por Érica Speglich e Paula Drummond de Castro