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Resistir e divulgar

indígenas

A ciência, o meio ambiente e as comunidade tradicionais e indígenas vêm perdendo seu protagonismo no que se entende por desenvolvimento sustentável na perspectiva dos atuais governantes do Brasil. Um olhar míope de futuro que enxerga interesses escusos na ciência, , “ideologias” nas universidades, oportunismo na cooperação, participação como gasto, fiscalização como entrave e prioriza cortes na pesquisa. É tempo de parar, respirar e olhar em volta e buscar alicerces para manter-se erguido.

É nesse tom que trazemos este boletim: resistência.

O conhecimento sobre plantas dos quilombolas do Parque Estadual da Serra do Mar é registrado no documentário “Etnografia Participativa”. O trabalho realizado fundamentou-se em processos de pesquisa participativa que valorizam o encontro entre conhecimentos para a criação de estratégias de conservação locais, estruturadas e relevantes e é apresentado na reportagem Vídeo faz balanço de quatro anos de trabalho em etnografia participativa. É ciência investigando outras formas de conhecimento.

A reportagem Impactos da Lei de Proteção da Vegetação Nativa em São Paulo traz as análises dos modelos gerados por pesquisadores para avaliar os impactos do “novo” Código Florestal  nas áreas de Reserva Legal. O estudo está publicado na revista Biota Neotropica. É ciência analisando a política pública.

Outro artigo publicado na revista Biota Neotropica é retratado na notícia Políticas de conservação ambiental e participação da comunidade científica. O artigo aponta o risco de alterações em políticas de conservação que não levam em conta os conhecimentos científicos das áreas afetadas, no caso, a Área de Proteção Ambiental da Escarpa Devoniana, no Paraná. E a participação da comunidade acadêmica no movimento de questionamento de um Projeto de Lei que poderia diminuir a área. É ciência questionando mudanças na política pública.

Uma Educação Ambiental voltada ao oceano que leve em consideração a diversidade cultural, ambiental e social é o foco do livro publicado por pesquisadores da Rede de Monitoramento de Habitats Bentônicos e Costeiros na reportagem Sobre a diversidade de encontros com o oceano. É ciência da educação.

Colocar a pesquisa em conservação ambiental em evidência é uma das prioridades do Progama Biota/Fapesp. O texto Biomas e biodiversidade no programa Ciência Aberta da Fapesp apresenta um resumo dos principais pontos discutidos na edição sobre o tema do Programa Ciência Aberta, parceria entre a Fapesp e a Folha de São Paulo. É ciência falando com a sociedade.

Uma das formas de resistência é a organização de redes de colaboração entre pesquisadores. A criação da rede Sul-Sul de pesquisas sobre morcegos é um dos objetivos de um curso oferecido a estudantes da área no Quênia com a oportunidade de bolsas de estudos e apoio à viagem. É ciência formando cientistas.

Por fim, a apresentação dos produtos da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, uma iniciativa apoiada pelo Programa Biota/Fapesp, que lançou em agosto o Diagnóstico Brasileiro de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos,  os sumários para tomadores de decisão “Água: biodiversidade, serviços ecossistêmicos e bem-estar humano” e “Restauração de paisagens e ecossistemas”. Estamos falando de sínteses do conhecimento para gestores públicos e privados. É ciência apoiando a tomada de decisão.

A ciência tem muito a dizer. Contem com este espaço para divulgar sua pesquisa em conservação, uso sustentável e restauração da biodiversidade.

Paula Drummond de Castro, Érica Speglich e Carlos Joly