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Conheça as fotografias vencedoras do concurso de 20 anos do Programa Biota!

Para comemorar seus 20 anos o Programa Biota organizou um concurso de fotografias. Centenas de fotos maravilhosas foram inscritas entre dezembro de 2020 e fevereiro de 2021.

Para analisar as fotos eviadas, o Biota contou com a participação de um júri especial, formado pelos pesquisadores-fotógrafos Jóse Sabino (UNIDERP  e Natureza em Foco), Álvaro Migotto (USP e Cifonauta) , Roberta M. Bonaldo (Natural History Produções) e Thomas M. Lewinsohn (Unicamp). Esse júri selecionou as 50 melhores, que foram para a votação popular.

No total, foram seis ganhadoras: três selecionadas pelo júri em cada categoria (pesquisadores e público em geral) e uma que ganhou a votação popular.

Conheça em detalhes as vencedoras

A mais votada pelo público!

Actinocephalus polyanthus, de Bruna Campos

A mais votada pelo público foi a fotografia “Chuveirinhos” no Morro dos Cristais, de autoria de Bruna Helena de Campos, com 4904 votos!

“Tive o prazer de capturar essa imagem encantadora em uma expedição de campo da pesquisa do meu doutorado, parte de um grande projeto vinculado ao Programa Biota sobre os campos paulistas”, conta Bruna.  A pesquisadora está cursando seu doutorado em Ecologia na Universidade Estadual de Campinas e as pesquisas de seu grupo visam esclarecer os fatores climáticos, edáficos ou do histórico de fogo que mantêm a vegetação aberta em campos de altitude e em campos de cerrado.

“Enquanto parte da equipe estava fazendo o levantamento das espécies presentes no local, eu avistei os “chuveirinhos” (Actinocephalus polyanthus) e não resisti à tentação de fotografar! As espécies desta família (Eriocaulaceae) estão entre as minhas preferidas e eu não perco oportunidades de tirar fotos dessas plantas, que são muito fotogênicas”.
A expedição foi realizada ao Morro dos Cristais, situado em Bom Sucesso de Itararé, uma pequena cidade quase na divisa com o estado do Paraná. Para chegar ao topo do morro, onde ocorrem os campos, é preciso enfrentar uma hora de caminhada mas, segundo Bruna, “valeu a pena a cada minuto. O campo em si é lindíssimo e a paisagem impressionante, até mesmo quando fomos apanhados por uma tempestade tropical no final do dia”.

Infelizmente, áreas como essa, com vegetação nativa aberta, sem árvores, estão fortemente ameaçadas seja por conversão para outros usos da terra, como agricultura, silvicultura ou pecuária e até pelo avanço das árvores da vizinhança, na ausência de fogo.  Invasões biológicas por árvores ou gramíneas exóticas estão entre as principais ameaças. No caso do Morro dos Cristais, a ameaça já presente é a invasão pelo Pinus. As sementes provenientes das extensas plantações florestais ao redor do Morro são transportadas a longas distâncias pelo vento e já podem ser encontradas árvores invasoras esparsas nas áreas de campo, prestes a produzir sementes e acelerar o processo de destruição. “A planta fotografada só ocorre em áreas abertas e, portanto, essa espécie pode deixar de existir no Morro dos Cristais caso a invasão por Pinus não seja controlada com urgência”, explica a pesquisadora.

As selecionadas pelo júri na categoria Público em Geral!

A piraputanga (Brycon hilarii) é a espécie mais emblemática na região da Serra da Bodoquena (MS). Em águas cristalinas como estas, protegidas pela RPPN “Fazenda Cabeceira do Prata”, seus cardumes acompanham bandos de macacos-prego (Sapajus cay) que, ao alimentarem-se nas árvores da mata ciliar, derrubam restos de frutos no leito do rio, os quais são consumidos pelos peixes – Daniel De Granville Manço
O lanche da ariranha – Douglas Fischer
O Pica-pau-branco (Melanerpes candidus) confeccinou o ninho no oco de uma árvore morta, como é costume dos representantes da família Pcidae. Essa foto foi feita no dia que os filhotes já crescidos deixaram o ninho. Um deles saiu voando, mas queria voltar e acabou curiosamente se agarrando nas costas da mãe. A foto foi feita na cidade de Mongaguá (SP) – Leonardo Oliveira Casadei

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O primeiro lugar foi da fotografia de Daniel De Granville Manço, biólogo com especialização em divulgação científica, dirige a Photo in Natur, uma empresa especializada em atividades relacionadas à fotografia de natureza. A imagem subaquática retrata de um cardume de peixes piraputanga (Brycon hilarii) na Serra da Bodoquena (Mato Grosso do Sul). Enquanto fazia uma sessão de fotos sobre mergulho, Daniel aproveitou um momento sozinho para clicar a foto vencedora. “A primeira lembrança que me vem à mente foi aquela visão mágica de vários elementos da natureza interagindo: o céu, os raios do sol, a copa das árvores, a água cristalina, os peixes, a areia e por fim a vegetação aquática. Em poucos lugares do planeta é possível registrar tanta riqueza natural em uma única imagem. A integração de todos estes elementos conferiu um aspecto de tridimensionalidade a uma imagem fotográfica que, por definição, tem apenas duas dimensões. Pelo fato da área ser uma RPPN aberta ao ecoturismo, a imagem valoriza ainda a conservação ambiental e a exploração econômica consciente dos ambientes naturais”, destaca Daniel.

O segundo lugar é do “Lanche da Ariranha”, momento especial fotografo por Douglas Fischer.

O terceiro lugar é de Leonardo Oliveira Casadei. Biólogo, especialista em Educação Ambiental e Mestre em Ecologia, Leonardo também é fotógrafo, especializado em captar imagens de aves. A fotografia vencedora capta o momento exato em que um dos filhotes de pica pau tenta alçar vôo mas volta ao ninho e acaba se agarrando à mãe. Leonardo recorda que andando pela zona rural de Mongaguá (SP) ouviu um som que não conseguiu identificar de qual espécie e logo depois viu os filhotinhos gritando com a cabeça para fora do ninho. “O som era o chamado dos filhotes para a mãe e eu fui rapidamente falar com a proprietária da casa onde estava o ninho para ter autorização para as fotos. No dia seguinte a proprietária entrou em contato dizendo que os filhotes haviam saídos todos do ninho. Eu fui correndo para lá e eles estavam no entorno do tronco e  eram 5 filhotes no total. Foi uma grande surpresa porque a literatura diz que essa espécie costuma ter ninhadas de no máximo 4 filhotes”. Outra curiosidade da espécie é que o principal alimento oferecido pelos pais aos filhotes são favos de mel, que as aves retiram de colmeias de abelhas para se alimentar. E também o cuidado com a prole, dividido totalmente entre o macho e a fêmea.

 

As selecionadas pelo júri na categoria Pesquisadores do Biota!

O gênero Histioteuthis sp. inclui cefalópodes de oceano profundo popularmente conhecidos como lula-morango ou lula-jóia. Detalhe do olho e manto de um exemplar coletado na expedição DEEP-OCEAN II, a bordo do N/Oc Alpha Crucis. Através de luz ultra-violeta, foi estimulada a biofluorescência vermelha, um fenômeno de emissão de luz gerado através de estímulos de elétrons comum na natureza, mas raro de ser observado. Coletado no talude continental do estado de São Paulo – Marcelo Roberto Souto de Melo
Curiango fotografado as 20hs em agosto de 2009, no Parque Estadual do Morro do Diabo, durante o retorno de um dia de campo do Projeto Figueiras. Iluminação com lanternas (sem uso flash). Ab f/3.2, exp 1/20s e Df 6 mm. O uso da lanterna permitiu a aproximação da ave, colocando a câmera a cerca de 1 m de distância do animal – Luís Francisco Mello Coelho
Imensidão em uma árvore – Kaline de Mello

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O primeiro lugar foi para a fotografia de Marcelo Roberto Souto de Melo. Os cefalópodes do gênero fotografado são caracterizados pela presença de números fotóforos – órgãos que produzem luz azul ou verde através de uma de reação química. Porém, o oceano profundo revela outras surpresas, através do estímulo com luz ultravioleta, os fotóforos também produzem biofluorescência vermelha através da excitação de elétrons. Na foto vencedora, observa-se os detalhes desses fotóforos com a intensa luz vermelha.

O segundo lugar foi para o close-up do perfil de um curiango pousado em repouso, fotografia tirada por Luís Francisco de Mello Coelho em uma das expedições do projeto Figueiras, vinculado ao Programa Biota, que estuda os efeitos da fragmentação florestal no funcionamento das populações de figueiras e no mutualismo entre as figueiras e as vespas de figo. O curiango é uma ave noturna comum no interior paulista e Luís relembra que as ao final do dia de expedição a equipe sempre parava para observar a fauna ao crepúsculo. “Os curiangos se tornaram então, exemplares que observávamos com frequência e, por isso, começamos a perceber como a luz forte os cegava e nos deixava chegar próximos. Então no dia dessa foto, decidi chegar bem perto mesmo. Observamos um de longe com o farol do carro, parei o carro e eu minha companheira de campo fomos nos aproximando com duas lanternas bem potentes focadas no olho do curiango, quando estava a uns dois metros de distância deitei no chão e fui me aproximando vagarosamente até posicionar a câmera a menos de 1m de distância, regulei para a opção macro ajustei o foco e desliguei o flash. Coloquei no temporizador de 2 segundos e fiz a foto”.

O terceiro lugar é de Kaline de Mello. “Essa foto tem muito significado, ela foi tirada no Parque Estadual Carlos Botelho, em São Miguel Arcanjo, no dia do meu aniversário, dia 11 de outubro de 202. Neste exato momento estava admirando admirando a beleza e força das árvores, e todo ecossistema que ela carrega, com suas orquídeas, bromélias, lianas, insetos, aracnídeos… e daí veio a inspiração para a foto!” comenta Kaline. A pesquisadora é associada ao projeto Código Florestal no Estado de São Paulo, vinculado ao Programa Biota.