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Ecologia aplicada e dimensões humanas na conservação biológica

Pesquisadores lançam livro com o objetivo de oferecer uma visão sobre conservação biológica baseada na aplicação de conceitos ecológicos e nas dimensões humanas ligadas à conservação, uso, controle e monitoramento da biodiversidade.

Entre 2009 e 2010 dois workshops foram organizados dentro do Programa Biota/Fapesp: “International Workshop on Applied Ecology and Human Dimensions in Biological Conservation” (em novembro de 2009) e o “International Workshop on Long-Term Studies on Biodiversity” (em novembro de 2010). O que foi discutido e apresentado nesses eventos, acrescidos de avanços posteriores sobre os temas, foi organizado no livro “Applied Ecology and Human Dimensions in Biological Conservation”.

9783642547508O livro, editado por Luciano Verdade (Cena/USP), Maria Carolina Lyra-Jorge (Universidade Santo Amaro) e Carlos Piña (Conicet/Argentina) e contando com a participação de cerca de 40 pesquisadores, será lançado em maio deste ano (2014) pela editora Springer-Verlag .

“O objetivo deste livro, desde seu início, foi oferecer uma visão nova sobre conservação biológica, baseada na aplicação de conceitos ecológicos, mas levando em conta as diversas dimensões humanas ligadas à conservação, uso, controle e monitoramento da biodiversidade”, explica Luciano Verdade, e o público alvo são profissionais, pesquisadores e estudantes de pós-graduação e graduação ligados à conservação, uso, controle e monitoramento da biodiversidade.

Chama a atenção o fato dos pesquisadores escolherem um livro-texto como formato, num momento em que esse estilo de publicação é pouco valorizado no meio acadêmico. “No Brasil ainda não temos tradição na produção de livros-textos para nossos estudantes de graduação e pós-graduação. No entanto, tais livros são cruciais para a formação dos futuros profissionais e pesquisadores ligados à área”, destaca Luciano Verdade, “talvez o principal uso deste livro seja o de contribuir para uma mudança nessa tradição de produção de livros textos de alto nível no Brasil, no entanto, ele poderá ter uma missão não menos importante de atender à demanda por novos conhecimentos por parte de técnicos ligados ao licenciamento ambiental e consultores que atuem nessa área”, ressalta o pesquisador.

Outro público que os editores se propuseram a alcançar foi o de profissionais de outras áreas, interessados na temática da relação entre dimensões humanas e biodiversidade. Por esse motivo, a proposta para os diferentes autores participantes foi o uso de uma linguagem voltada tanto a especialistas quanto a não especialistas. Uma linguagem mais ampla (e não menos profunda) que aquela voltada exclusivamente para especialistas.

O livro é dividido em três partes. A primeira, sobre Conceitos, traz seis capítulos que discutem direções para o conceito de conservação biológica, ecologia histórica, diversidade filogenética e o uso sustentável da biodiversidade, adaptações e evolução em ambientes em alteração, perda de biodiversidade e o valor da conservação de paisagens agrícolas. A parte sobre Inovação foca em métodos como o uso de ferramentas moleculares para o estudo de mamíferos, estimativas de abundância para a tomada de decisão, adaptação de métodos de levantamento de fauna em paisagens agrícolas e análises de isótopos estáveis. A terceira parte, sobre Governança, reúne três capítulos que focam na integração entre dados de pesquisa e dimensões de uso, demandas, conflitos e definição de políticas públicas.

“Essa divisão tenta setorizar, apenas por uma questão didática, os fatores limitantes quanto à necessidade de intervenção humana em relação à biodiversidade, quais sejam: base conceitual, tecnologia e governança”, explica Luciano Verdade. A base conceitual tem como foco o que fazer a respeito de um determinado problema. A parte sobre inovação, o como fazer. “No entanto, na área ambiental com alguma frequência sabemos o que e como fazer, mas não sabemos quem deve fazê-lo e quando, por não termos instituições devidamente estruturadas. Nessa circunstância, o que precisa ser aprimorada é a forma de governança. Este livro tenta mostrar, ao longo de seus capítulos, fatores que hoje nos limitam em relação à conservação, uso, controle e monitoramento da biodiversidade quanto à base conceitual, inovação tecnológica e governança”, completa Luciano.

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