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Colaborações internacionais para geração de modelos sobre a evolução da Mata Atlântica

Entre as inúmeras dimensões da pesquisa na área de biodiversidade está a que se ocupa da criação de modelos que auxiliam a compreender a evolução dos diferentes Biomas. O artigo Integrando disciplinas para a predição da biodiversidade da Floresta Atlântica no Brasil, publicado no número especial da Revista Biota Neotropica sobre os 60 anos da Fapesp, traz a experiência de um dos projetos do Programa Biota/Fapesp nessa linha de pesquisa. Este artigo mostra, também, a importância das colaborações internacionais, porque é o resultado da parceria entre o Programa Biota/Fapesp e o Dimensions of Biodiversity da National Science Foundation (EUA).

O objetivo da pesquisa foi estudar a evolução e a predição das espécies da Floresta Atlântica e com isso, embasar a identificação de áreas prioritárias para a conservação biológica na Floresta Atlântica. Para isso, a equipe reuniu especialistas de diversas disciplinas e relacionou padrões espaciais de biodiversidade a mecanismos ecológicos implícitos nesses padrões e processos climáticos e demográficos históricos.

Tem sido um desafio gratificante combinar dados e idéias de biólogos, geólogos e engenheiros“, reforçam Cristina Miyaki (IB/USP) e os demais autores, “nós integramos dados de várias disciplinas como evolução, população genética e genômica, fisiologia, geografia, paleoclimatologia paleovegetação, taxonomia e sensoriamento remoto”. Para isso, o grupo precisou não apenas encontrar as informações como combinar, averiguar e harmonizar dados, tanto os já publicados como os gerados pelos laboratórios e grupos de pesquisa envolvidos no projeto.

“Entre as lições aprendidas, descobrimos que a integração de dados em diferentes campos do conhecimento foi (e ainda é) um considerável desafio em projetos desta natureza. Por exemplo, a compreensão de termos técnicos que são específicos da Biologia foi, em alguns momentos, uma tarefa difícil para geólogos e engenheiros, e vice versa”, comentam os autores. Isso se reflete no tempo necessário para o desenvolvimento deste tipo de projeto: os primeiros artigos que de fato trouxeram contribuições que resultaram dessa integração foram publicados cinco anos após o início do projeto e muitos manuscritos ainda estão em produção depois desse prazo. “Os grandes desafios de projetos interdisciplinares e internacionais necessitam de mais tempo e é importante que essas pesquisas possam ser financiadas por mais de cinco anos”, avaliam os autores.

Sobre a Biota Neotropica Especial

Em comemoração aos 60 anos da FAPESP a Revista Biota Neotropica, publicada pelo Programa Biota/Fapesp, reúne artigos que analisam a contribuição da Fundação para a área de pesquisa em conservação, uso sustentável e restauração da biodiversidade. O número especial conta com 24 revisões temáticas originais disponíveis na página da revista (https://www.biotaneotropica.org.br) e do SciELO (https://www.scielo.br/j/bn/).

Segundo o editor-chefe da revista, Carlos Joly (IB/Unicamp), a proposta é destacar os avanços no conhecimento científico desde 1962 (data de fundação da Fapesp), “creio que esta é uma excelente oportunidade de sintetizarmos a enorme contribuição dada pela Fapesp para a grande área temática que a caracterização, conservação, restauração e uso sustentável da biodiversidade abrange. Evidentemente, destaque é dado aos projetos desenvolvidos no âmbito do Programa Biota, de 1999 até o presente”.

Desde seu lançamento em 2001 a Biota Neotropica segue a política de acesso livre, isto é, todos os artigos estão disponíveis em formato on-line sem custos para os leitores. E a partir de janeiro de 2022 os dados dos artigos aprovados começaram a ser publicados em repositórios públicos , em consonância com o processo de alinhamento às práticas da ciência aberta promovido pela Rede SciELO.

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