Pesquisadores lançam livro com o objetivo de oferecer uma visão sobre conservação biológica baseada na aplicação de conceitos ecológicos e nas dimensões humanas ligadas à conservação, uso, controle e monitoramento da biodiversidade.
Entre 2009 e 2010 dois workshops foram organizados dentro do Programa Biota/Fapesp: “International Workshop on Applied Ecology and Human Dimensions in Biological Conservation” (em novembro de 2009) e o “International Workshop on Long-Term Studies on Biodiversity” (em novembro de 2010). O que foi discutido e apresentado nesses eventos, acrescidos de avanços posteriores sobre os temas, foi organizado no livro “Applied Ecology and Human Dimensions in Biological Conservation”.

“O objetivo deste livro, desde seu início, foi oferecer uma visão nova sobre conservação biológica, baseada na aplicação de conceitos ecológicos, mas levando em conta as diversas dimensões humanas ligadas à conservação, uso, controle e monitoramento da biodiversidade”, explica Luciano Verdade, e o público alvo são profissionais, pesquisadores e estudantes de pós-graduação e graduação ligados à conservação, uso, controle e monitoramento da biodiversidade.
Chama a atenção o fato dos pesquisadores escolherem um livro-texto como formato, num momento em que esse estilo de publicação é pouco valorizado no meio acadêmico. “No Brasil ainda não temos tradição na produção de livros-textos para nossos estudantes de graduação e pós-graduação. No entanto, tais livros são cruciais para a formação dos futuros profissionais e pesquisadores ligados à área”, destaca Luciano Verdade, “talvez o principal uso deste livro seja o de contribuir para uma mudança nessa tradição de produção de livros textos de alto nível no Brasil, no entanto, ele poderá ter uma missão não menos importante de atender à demanda por novos conhecimentos por parte de técnicos ligados ao licenciamento ambiental e consultores que atuem nessa área”, ressalta o pesquisador.
Outro público que os editores se propuseram a alcançar foi o de profissionais de outras áreas, interessados na temática da relação entre dimensões humanas e biodiversidade. Por esse motivo, a proposta para os diferentes autores participantes foi o uso de uma linguagem voltada tanto a especialistas quanto a não especialistas. Uma linguagem mais ampla (e não menos profunda) que aquela voltada exclusivamente para especialistas.
O livro é dividido em três partes. A primeira, sobre Conceitos, traz seis capítulos que discutem direções para o conceito de conservação biológica, ecologia histórica, diversidade filogenética e o uso sustentável da biodiversidade, adaptações e evolução em ambientes em alteração, perda de biodiversidade e o valor da conservação de paisagens agrícolas. A parte sobre Inovação foca em métodos como o uso de ferramentas moleculares para o estudo de mamíferos, estimativas de abundância para a tomada de decisão, adaptação de métodos de levantamento de fauna em paisagens agrícolas e análises de isótopos estáveis. A terceira parte, sobre Governança, reúne três capítulos que focam na integração entre dados de pesquisa e dimensões de uso, demandas, conflitos e definição de políticas públicas.
“Essa divisão tenta setorizar, apenas por uma questão didática, os fatores limitantes quanto à necessidade de intervenção humana em relação à biodiversidade, quais sejam: base conceitual, tecnologia e governança”, explica Luciano Verdade. A base conceitual tem como foco o que fazer a respeito de um determinado problema. A parte sobre inovação, o como fazer. “No entanto, na área ambiental com alguma frequência sabemos o que e como fazer, mas não sabemos quem deve fazê-lo e quando, por não termos instituições devidamente estruturadas. Nessa circunstância, o que precisa ser aprimorada é a forma de governança. Este livro tenta mostrar, ao longo de seus capítulos, fatores que hoje nos limitam em relação à conservação, uso, controle e monitoramento da biodiversidade quanto à base conceitual, inovação tecnológica e governança”, completa Luciano.















