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Cientistas fazem registro inédito de gato-palheiro-pampeano preto

Cientistas conseguiram realizar o primeiro registro de um gato-palheiro-pampeano da cor preta, em Campo de Instrução Barão de São Borja (CIBSB), popularmente conhecido como Saicã, território do Comando Militar do Brasil, no Rio Grande do Sul. O registro do gato com mutação genética que altera a cor da sua pelagem foi descrito em artigo publicado na sexta (28) na revista Biota Neotropica.

Melanismo no gato pampeano (Leopardus munoai Ximénez, 1961, Mammalia: Carnivora: Felidae), uma espécie endêmica dos Pampas, estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Foto: Projeto Pampa Nativo: uma visão conservacionista e sanitária.

Ameaçado de extinção, o único e último registro do gato-palheiro-pampeano da cor preta ocorreu em 8 de julho de 2021. Indivíduos da mesma espécie, com pelagem típica, haviam sido fotografados pelo grupo de pesquisadores em maio de 2021 e, mais recentemente, em junho de 2023.

O registro do gato selvagem foi feito por Fábio Dias Mazim, zoólogo especialista em mamíferos silvestres da ONG Instituto Pró-Carnívoros e empresa Ka´aguy Consultoria Ambiental, em conjunto a uma equipe formada por biólogos e veterinários de diversas instituições privadas e públicas, entre elas, o Centro de Triagem de Animais Silvestres da Superintendência do Ibama no Rio Grande do Sul e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O estudo foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (FAPERGS).

Para conseguir a fotografia foram utilizadas entre seis e nove câmeras trap, instrumento com sensores de movimento e/ou temperatura que dispara fotos automáticas sempre que um animal passa diante de seu visor. Os equipamentos foram distribuídos com um espaçamento em média de 500 metros cada, com foco em campos nativos, livres de agricultura por ao menos 40 anos.

O gato-palheiro-pampeano é uma espécie endêmica do Pampa brasileiro, Uruguai e de uma pequena porção do extremo leste argentino, sendo considerada criticamente ameaçada de extinção nesses três países. Em toda sua área de distribuição, esse felino possui sete registros por armadilhas fotográficas no Brasil, quatro na Argentina e nenhum no Uruguai.

Devido ao fato dele ser raro, foi necessário que as câmeras trabalhassem ininterruptamente para conseguir o registro. Segundo Mazim, o feito tem potencial de trazer mais atenção para este animal, algo essencial na garantia de que medidas e ações em prol da conservação sejam tomadas para minimizar seu risco de extinção.

Esta é uma das espécies de felino mais ameaçadas do mundo e, ressaltam os atores, a informação de melanismo, que é o excesso de melanina na pele, é inédita e precisa ser investigada mais a fundo. “Talvez possa estar associado a endogamia ou enfraquecimento genético de uma população com menos de uma centena de indivíduos restantes no planeta ou talvez seja fruto de cruzamento parental”, comenta Mazim, membro do Instituto Pró-Carnívoros e fundador da empresa Ka’aguy Consultoria Ambiental.

Futuramente serão realizadas outras tentativas de registro do mesmo gato-palheiro-pampeano ou de novos indivíduos com o mesmo padrão de pelagem. Além disso os pesquisadores também pretendem conduzir estudos genéticos, sanitários e ecológicos com os animais.

Confira o artigo completo em https://doi.org/10.1590/1676-0611-BN-2022-1456

Divulgação realizada em parceria com a Agência Bori de notícias.

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